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Banco do Brics planeja aprovar primeiros empréstimos em moeda chinesa para clientes fora da China, diz Dilma

Presidente do banco defende uma reforma no sistema financeiro global: "o sistema atual favorece os EUA, permitindo-lhes imprimir dinheiro à vontade e acumular um déficit massivo"

Dilma Rousseff (Foto: Reprodução/X/@dilmabr)

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247 - O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), popularmente conhecido como Banco do Brics, está se preparando para um marco significativo em sua trajetória de oito anos. Em uma entrevista ao Global Times, a presidente do NBD e ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, revelou que o banco planeja aprovar seus primeiros empréstimos em yuan para clientes fora da China ainda este ano ou no início de 2025.

"Esta iniciativa é uma espécie de programa piloto para observar seu desempenho e considerar uma possível ampliação em maior escala", afirmou Dilma. O movimento de oferecer empréstimos em yuan sublinha o compromisso do NBD com a diversificação e a inovação em seu portfólio de empréstimos, especialmente em um momento de alta volatilidade nas taxas de juros e câmbio em todo o mundo.

Desde sua fundação em 2014, em Fortaleza, no Brasil, o NBD tem buscado preencher lacunas deixadas por instituições financeiras tradicionais, como o FMI e o Banco Mundial. Com uma ênfase em fornecer condições de empréstimos que respeitem a soberania dos países membros, o banco tem evitado as rigorosas condicionalidades frequentemente associadas a outras instituições financeiras multilaterais.

Dilma destacou que uma das maiores forças do NBD é a igualdade de voz e poder entre seus membros fundadores. "Nenhum país detém o poder de veto; todos têm uma voz igual. Isso contrasta fortemente com o modelo de governança de outras instituições multilaterais, onde as economias avançadas geralmente possuem a maioria do poder de decisão".

A presidente também mencionou a importância de financiar em moedas locais. "Estamos comprometidos em oferecer pelo menos 30% dos nossos empréstimos em moedas locais dos países receptores de 2022 a 2026", disse Rousseff. O banco já começou a emitir empréstimos em yuan chinês e rand sul-africano, com planos de expandir para a rúpia indiana e o real brasileiro no próximo ano. Esta estratégia não só oferece condições mais favoráveis para empréstimos soberanos, mas também fornece uma proteção vital contra as flutuações nas políticas de câmbio do dólar.

O NBD tem um compromisso forte com projetos de desenvolvimento sustentável. Aproximadamente 40% do seu financiamento é direcionado para iniciativas que contribuem para a mitigação das mudanças climáticas, adaptação e transição energética. Dilma afirmou que o banco está alinhado com os objetivos de desenvolvimento sustentável de seus países membros e apoia a execução de projetos de infraestrutura essenciais. "Estamos empenhados em promover a cooperação bilateral e multilateral enquanto trabalhamos para construir um mundo multipolar e multilateral", explicou, destacando o papel do NBD em apoiar a Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI) da China. Segundo ela, a BRI não só fortalece a infraestrutura global, mas também promove ciência, tecnologia e inovação, essenciais para a industrialização e o desenvolvimento de alta qualidade dos países membros do NBD.

À medida que o NBD avança, enfrenta desafios significativos, especialmente em um cenário econômico global em constante mudança. No entanto, Dilma permanece otimista. Ela acredita que o banco está bem posicionado para navegar pelas complexidades da economia global e apoiar o crescimento sustentável dos mercados emergentes. "Em comparação com outras instituições de desenvolvimento, temos uma estrutura que valoriza a igualdade e a soberania dos nossos membros. Não impomos condições rigorosas e buscamos soluções inovadoras, como empréstimos em moedas locais, que beneficiam diretamente os países receptores", afirmou.

A expansão da membresia é outro objetivo crucial para o NBD. Recentemente, o banco começou a explorar oportunidades de financiamento em Bangladesh e no Egito, com visitas de delegações do NBD a esses países para definir projetos futuros. "A expansão da membresia é fundamental para que o NBD se torne um banco maior e mais inclusivo", disse Rousseff.

Com o 80º aniversário do sistema de Bretton Woods se aproximando, Dilma destacou a necessidade urgente de reformar o sistema financeiro global centrado no dólar. "O sistema atual favorece desproporcionalmente os EUA, permitindo-lhes imprimir dinheiro à vontade e acumular um déficit fiscal massivo. Isso cria uma carga de dívida enorme para os países de baixa e média renda", disse ela.

Para ela, a resposta está em um sistema financeiro global mais equilibrado, que dê voz e representação adequadas aos mercados emergentes. Ela defende o uso ampliado de moedas locais e a diversificação das reservas de moedas como passos cruciais para alcançar um sistema mais equitativo. "O mundo está caminhando para uma transição, seja de forma imediata ou a médio prazo, para um sistema de múltiplas moedas de reserva global", concluiu Rousseff, sublinhando o papel vital dos países em desenvolvimento, como a China, em liderar esse movimento para um sistema monetário mais multipolar.

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