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    Brasil passa vergonha no mundo ao dar calote na ONU

    O Brasil está inadimplente na ONU, o que acarreta consequências morais e faz com que o país ao país corra o risco de perder direito de voto

    Bolsonaro viola tradição diplomática e vota contra palestinos na ONU (Foto: Ag.Brasil)

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    Sputnik - O Brasil corre o risco de perder o direito de voto em todas as instâncias da Organização das Nações Unidas (ONU), a partir de janeiro, se não pagar pelo menos US$ 113,5 milhões (R$ 608,7 milhões) até o dia 31 de dezembro.

    Para Fausto Godoy, ex-embaixador e professor de Relações Internacionais, a inadimplência do Brasil com a ONU faz mal para a imagem do país.

    "Antes de tudo existe esse ônus moral que significa ser inadimplente de uma organização internacional como a ONU", disse à Sputnik Brasil.

    Para Godoy, a dívida pode gerar dúvidas inclusive de outros países sobre a situação econômica brasileira.

    "A questão é o que essa imagem transmite para a própria ONU e também para os demais membros da ONU. Só o fato de ficar inadimplente já é um sinal de eventual desinteresse ou falta de meios para poder cumprir [a dívida]", explicou.

    O pagamento dos US$ 113,5 milhões (R$ 608,7 milhões) não quitaria toda a dívida acumulada pelo governo brasileiro, que chega a US$ 386 milhões (R$ 2.07 bilhões) e inclui contribuições orçamentárias para missões de paz, mas é a quantia mínima para evitar punição.

    Quando a dívida acumulada supera o valor total das contribuições devidas nos dois anos anteriores, perde-se o direito de votar.

    Para Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM/SP), a dívida do Brasil não representa um valor significativo do Produto Interno Bruto (PIB) do país e que, por isso, o governo brasileiro deveria se esforçar para pagar parte do valor ainda este ano.

    "É incompreensível para o Brasil, com as perspectivas de projetar seu poder econômico como a economia brasileira tem, ficar com uma imagem manchada por uma dívida que é bastante pequena em relação ao PIB do país", afirmou à Sputnik Brasil.

    Três países estouraram o limite da dívida acumulada: São Tomé e Príncipe, Somália e Ilhas Comores, mas todos, no entanto, entraram com pedido de perdão na própria ONU.

    Trevisan citou esses países para dizer que o Brasil deveria pagar a ONU para evitar ficar isolado no cenário internacional.

    "Sem dúvida alguma prejudicaria o Brasil em todas as negociações internacionais. Observe que países como São Tomé e Príncipe, Somália e Ilhas Comores fizeram o possível e o impossível para o perdão de suas pequenas dívidas de contribuição exatamente para não perderem espaço no cenário internacional", destacou.

    Outro ponto destacado por Trevisan é o desejo antigo brasileiro de ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.

    "A perda de voz na Assembleia da ONU, a perda de voz nos Conselhos da ONU, deixaria especialmente fragilizada a nossa pretensão de ocupar o espaço de membro permanente no Conselho de Segurança", afirmou.

    Ao fazer uma análise sobre o momento atual da diplomacia brasileira, Fausto Godoy se mostrou preocupado com a priorização de "pautas ideológicas" por parte do atual governo.

    "O que falta nesse momento na diplomacia brasileira é o menor foco nas questões ideológicas e mais foco no que é o interesse perene do Brasil", alertou.

    Já Trevisan foi enfático e completou o raciocínio dizendo que "as pretensões geopolíticas" brasileiras ficam prejudicadas com a falta de pagamento da dívida.

    "Inadimplentes não projetam poder e são frágeis politicamente e economicamente. As pretensões geopolíticas brasileiras estão diretamente atingidas por essa dívida", completou.

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