Brasileiro deportado que chegou no Brasil algemado juntou R$ 170 mil e quase morreu para entrar nos EUA
O mineiro decidiu tentar a imigração ilegal após ver relatos de brasileiros que, segundo ele, estavam conseguindo prosperar nos EUA
247 - Carlos Vinicius de Jesus, de 29 anos, viu seu sonho de uma vida melhor nos Estados Unidos se transformar em um pesadelo. O brasileiro, que trabalhava como frentista em Vespasiano (MG), vendeu a casa e a moto para financiar a travessia ilegal para o país norte-americano. A jornada terminou em prisão e deportação. A história foi relatada pelo UOL.
O mineiro decidiu tentar a imigração ilegal após ver relatos de brasileiros que, segundo ele, estavam conseguindo prosperar nos EUA. "Separei tudo que tinha juntado, vendi minha casa, minha moto e tudo o que eu tinha", contou. Com cerca de R$ 170 mil, iniciou o trajeto em maio de 2023. Do Brasil, seguiu para o Panamá e depois para a Guatemala, onde embarcou em um barco clandestino com mais 12 pessoas rumo ao México.
A travessia foi marcada pelo medo. "Eu não sei nadar, a maioria do meu dinheiro já tinha acabado, fiquei com medo do barco virar na água e morrer todo mundo", relembrou. Já em território mexicano, precisou fugir da polícia e passou dias escondido antes de seguir para Tijuana, na fronteira com os EUA.
Carlos conseguiu atravessar o muro que separa os dois países, mas foi capturado pouco depois. "A intenção era pegar um táxi e ir para outro local, mas um carro parou e disse que se a gente não fosse até o posto de imigração tomaríamos um tiro", relatou. Ele foi preso pela patrulha migratória e levado para uma instalação conhecida como "geleira", onde imigrantes são mantidos sob baixíssimas temperaturas. "Só me deram um plástico prateado, como se fosse uma manta térmica, burrito e água".
O brasileiro passou oito meses detido na Califórnia enquanto aguardava uma resposta sobre o pedido de asilo. Sem perspectiva de conseguir permanecer no país, optou pela deportação. "Eu já não aguentava mais ficar naquela prisão. Queria voltar para o meu país".
O voo de retorno foi mais uma experiência traumática. Algemado por três dias, Carlos relatou problemas técnicos na aeronave e maus-tratos durante o trajeto. "Desde que o avião decolou, a gente sabia que tinha algo errado. A turbina estava saindo fumaça, não tinha comida, só água. Eles não queriam deixar as pessoas usarem o banheiro e nem tomar as medicações com hora marcada. Os idosos começaram a passar mal e desmaiar".
Após um pouso de emergência em Manaus, o governo brasileiro enviou uma aeronave da FAB para concluir o trajeto até Belo Horizonte. No Brasil, Carlos tenta reconstruir a vida e faz um alerta a quem deseja tentar a mesma travessia. "Estou aceitando qualquer trabalho porque tenho que sustentar os meus dois filhos. Mas se tem algo que quero fazer é ajudar as pessoas a não fazerem o que fiz. Eu quase morri naquele país. Mas eu sou trabalhador, não sou criminoso, só queria dar uma vida melhor para os meus filhos. Como deu errado, a gente volta e recomeça aqui mesmo".
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