Brics: o poderoso bloco que desafia os EUA
A ascensão do Brics e a ameaça ao domínio global do dólar
Prensa Latina - O Brics desperta o interesse de inúmeros países que desejam fazer parte desse bloco ou, pelo menos, iniciar o processo de observador. No entanto, o que mais deveria preocupar os Estados Unidos são os pedidos para ingressar em sua instituição financeira. A Arábia Saudita, um dos principais produtores de petróleo do mundo e que recentemente tem buscado se desvincular da subordinação à Casa Branca, expressou seu interesse em se juntar ao Novo Banco de Desenvolvimento do grupo. Por outro lado, os países do Brics têm mostrado cada vez mais força na busca por um mecanismo para realizar transações comerciais em suas moedas nacionais, a fim de evitar o uso do dólar nesse contexto. A China, por exemplo, para fortalecer sua segurança financeira, comprou um total de 144 toneladas de ouro de novembro a maio, de acordo com o Banco Popular da China.
De fato, a tendência de abandonar o dólar, popularizada nas redes sociais, tem se espalhado entre os países do chamado Sul Global. Muitas nações já optaram por acordos de uso de moedas nacionais, como os firmados entre a Índia e o Sri Lanka, ou entre a China e a Arábia Saudita para o comércio de petróleo sem o uso do dólar, o que ameaçaria os chamados "petrodólares". Tecnicamente, a base para uma moeda do Brics já existe, mas sua implementação requer decisões políticas que talvez nem todos estejam dispostos a assumir, segundo o Instituto de Coordenadas de Gobernanza y Economía Aplicada. No entanto, caso isso ocorra, seria uma primeira tentativa sistemática de competir com a hegemonia global do dólar americano e o início de um regime financeiro bipolar, como previsto pelo renomado economista turco Nouriel Roubini.
Além disso, um estudo recente demonstrou que a participação econômica dos países do Brics no cenário mundial supera alguns parâmetros apresentados pelo Grupo dos Sete (Estados Unidos, Japão, Canadá, Itália, Reino Unido, França e Alemanha). A Paridade do Poder de Compra (PPC) do Brics representa 31,7% do total mundial, acima dos 30,7% do G7, de acordo com o referido instituto. Ao mesmo tempo, a contribuição do Brics para o crescimento global nos últimos cinco anos atingiu 31,2 pontos, superando os 25,6 pontos dos países mais industrializados. Esses dados são relevantes, especialmente considerando a expectativa de expansão do Brics após sua próxima cúpula, com mais de 20 países interessados em ingressar, como Turquia, Irã, Arábia Saudita, Indonésia, México, Argentina, Argélia e Egito, entre outros.
Essa tendência parece confirmar o Brics como uma alternativa para países que até pouco tempo estavam subordinados aos Estados Unidos, em meio a práticas de sanções e apropriações impostas pela Casa Branca. Enquanto as cúpulas do G7 muitas vezes são dominadas pelo planejamento de sanções ou bloqueios a países como Rússia e China, o Brics discute planos de desenvolvimento, investimentos e cooperação. O Novo Banco de Desenvolvimento, criado em 2015, ao contrário do Fundo Monetário Internacional, não impõe condições socioeconômicas aos futuros Estados beneficiados. Essa abordagem é alvo de contraofensivas midiáticas por parte do Ocidente.
Muitos especialistas em Washington, Berlim ou Londres alertam que uma das pesadelos que nunca deveria ter acontecido, como afirmou o veterano político Henry Kissinger, é a associação entre Rússia e China, que agora desafia o hegemonismo obstinado dos Estados Unidos. A primeira doutrina de segurança alemã considera que a China está tentando remodelar a ordem internacional existente com base em regras, cujo conteúdo o Ocidente evita explicar. Berlim acredita que Pequim "reivindica cada vez mais agressivamente a supremacia regional e age repetidamente contra nossos interesses e valores". No entanto, segundo o direito internacional, esse argumento não deveria ser motivo de sanções ou estratégias de contenção.
Enquanto a Europa pressiona ou exorta de forma peculiar outros países a se juntarem à sua guerra econômica contra a Rússia e à contenção da China, como demonstrou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em sua recente turnê pela América Latina, a lista de participantes de 75 países no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo e os candidatos que desejam ingressar no Brics mostram que o pesadelo dos Estados Unidos e a preocupação europeia estão longe de se dissipar.
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