Casa Branca chama CNN de 'perdedores das notícias falsas' em comunicado oficial
Texto governamental adota linguagem provocativa e acusa ex-presidente Joe Biden de gastar milhões de dólares em 'experimentos com animais transgêneros'
247 - Um comunicado oficial da Casa Branca gerou polêmica nesta semana ao atacar a CNN, chamando a emissora de "fake news losers" (perdedores das notícias falsas). A linguagem provocativa e pouco usual em documentos oficiais foi destaque na publicação, que também acusou o ex-presidente Joe Biden de gastar milhões de dólares para "transformar ratos em transgêneros".
O texto, publicado no site oficial do governo, recebeu um título provocativo: "Sim, Biden gastou milhões em experiências com animais transgêneros". O comunicado ainda continha ataques diretos à imprensa, especialmente à CNN. "Os perdedores das Fake News na CNN imediatamente tentaram checar os fatos, mas o presidente Trump estava certo (como sempre)", dizia a publicação.
A declaração ocorreu poucas horas após um discurso de Donald Trump no congresso americano, no qual criticou o que chamou de "gastos desperdiçados" do governo democrata. No entanto, o teor do comunicado oficial chamou a atenção pela linguagem incomum para documentos governamentais.
"Quem administra o site da Casa Branca, um estudante do ensino médio?", questionou um usuário na plataforma X (antigo Twitter). Outro comentou: "Nunca li uma frase tão absurdamente anti-profissional. Nem sequer fingem imparcialidade ou profissionalismo neste ponto".
Para o historiador e analista de propaganda Ian Garner, entrevistado pelo portal britânico Metro, essa abordagem representa uma mudança significativa na comunicação oficial da Casa Branca. "Com George W. Bush, uma linguagem mais direta e simples era comum, mas não em documentos formais", explicou. No entanto, segundo ele, com Trump essa barreira desapareceu. "As fronteiras entre instituições e os políticos estão colapsando completamente", afirmou.
Garner também alertou para as consequências desse tipo de discurso vindo de uma instituição oficial. "É um fato bem estabelecido pela pesquisa acadêmica que, quando o Estado começa a falar de uma certa maneira, os cidadãos também adotam essa linguagem", disse. "As pessoas passam a se expressar dessa forma a ponto de não conseguirem diferenciar sua 'linguagem real' da linguagem do Estado".
Para Garner, o comunicado da Casa Branca é um sintoma de uma transformação maior. "Esse tipo de discurso parece saído diretamente das redes sociais de Trump – e isso está se tornando cada vez mais normal. Estamos vendo essa linguagem ser usada não apenas por assessores de imprensa, mas por outros políticos também", destacou.
"A realidade está sendo moldada por essa linguagem, e acho que estamos prestes a entrar em um período bem turbulento. Já não podemos esperar que as instituições do governo americano publiquem informações confiáveis e baseadas na realidade", afirmou Garner.
O tom beligerante e as críticas à imprensa não são novidade para Trump. Durante seu primeiro governo, ele atacou regularmente a CNN, chamando o canal de "inimigo do povo". Em 2022, o então ex-presidente ameaçou processar a emissora por chamá-lo de mentiroso em relação à sua narrativa fraudulenta sobre as eleições de 2020. Diversas ações judiciais questionando o resultado do pleito foram rejeitadas pela Justiça por falta de provas, inclusive por juízes indicados pelo próprio presidente Trump.
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