Caso "Dominique Pelicot": justiça condena a 20 anos de prisão homem que estuprou esposa com 51 homens

247 - Dominique Pelicot, de nacionalidade francesa, foi condenado a 20 anos de prisão por crimes de extrema gravidade cometidos contra a própria esposa, Gisèle Pelicot. O caso, que provocou indignação em todo o país, chegou ao fim nesta quinta-feira (19), com a sentença emitida em Avignon. As informações são do portal UOL.

A condenação incluiu acusações de sedação, estupro e a chamada de terceiros para abusar sexualmente de Gisèle, além de gravações ilícitas da própria filha e da nora em situações de nudez. A pena máxima foi aplicada pela Justiça francesa, que determinou ainda que Dominique será submetido a avaliação ao cumprir dois terços da sentença, podendo ter o tempo de prisão ampliado.

A coragem de Gisèle e o impacto do julgamento

O julgamento, que durou mais de três meses, chamou a atenção nacional após Gisèle decidir abrir mão de seu anonimato para enfrentar o ex-marido publicamente. Em uma declaração impactante, ela afirmou que “a vergonha” deveria ser sentida pelo acusado, e não pela vítima.

Do lado de fora da corte, manifestantes exibiram mensagens de apoio à vítima. Cartazes traziam frases como: “Todas as mulheres do mundo apoiam você” e “Obrigada, Gisèle”, refletindo a solidariedade que o caso despertou.

Desdobramentos e outras condenações

Além de Dominique, outros acusados também foram julgados. Jean-Pierre M., identificado como "discípulo" de Pelicot, recebeu uma pena de 12 anos de prisão por adotar métodos semelhantes ao do réu, sedando a própria esposa e convidando Dominique para estuprá-la. Ele, no entanto, não foi condenado pelo abuso de Gisèle.

Outros envolvidos no caso, acusados de estuprar a esposa de Dominique, também foram considerados culpados, mas receberam penas de até três anos de prisão. A Justiça entendeu que esses réus não sabiam que a vítima estava sob efeito de sedativos, o que foi considerado um atenuante.

Reflexão e mobilização

O caso Dominique Pelicot expôs questões profundas sobre violência doméstica e sexual, destacando a importância da coragem de vítimas que enfrentam seus agressores. A decisão de Gisèle de tornar pública sua luta foi elogiada como um ato de resistência e inspiração.

A condenação marca não apenas o fim de um julgamento, mas o início de um debate mais amplo sobre como proteger mulheres e responsabilizar agressores em casos de abuso sistêmico e manipulação psicológica.