Chefe de política externa da UE alerta que China se beneficia da guerra comercial entre EUA e Europa
Vice-presidente da Comissão Europeia critica tarifas de Trump e afirma que União Europeia está pronta para reagir
247 - A vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas, afirmou que a China está se beneficiando da guerra comercial em curso entre os Estados Unidos e seus aliados. A declaração foi feita em entrevista à Bloomberg Television nesta quinta-feira (13), durante um encontro do G7 no Canadá.
"Quem está rindo à parte é a China", disse Kallas. "Ela está realmente se beneficiando do fato de os EUA terem uma guerra comercial com a Europa."
As declarações da diplomata ocorreram pouco depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar impor uma tarifa de 200% sobre vinhos, champanhes e outras bebidas alcoólicas importadas da França e de outros países da União Europeia. A medida seria uma retaliação ao plano da UE de taxar as exportações de uísque americano, que por sua vez foi uma resposta às tarifas impostas por Trump sobre aço e alumínio.
Kallas enfatizou que o bloco europeu está pronto para reagir, mas pediu moderação, alertando que embates comerciais desse tipo normalmente resultam em picos inflacionários que prejudicam os consumidores. "Mantemos a cabeça fria e, claro, estamos prontos para agir e defender nossos interesses quando for necessário", afirmou.
O impacto das novas ameaças comerciais se refletiu imediatamente no mercado financeiro. O índice S&P 500, que já vinha acumulando três semanas de quedas, entrou em território de correção, atingindo seu nível mais baixo em seis meses. Na Europa, as ações de fabricantes de bebidas alcoólicas sofreram perdas significativas.
Relação com Trump e guerra na Ucrânia
Além das tensões comerciais, Kallas também comentou sobre a guerra na Ucrânia e as recentes declarações do presidente russo, Vladimir Putin, que afirmou estar disposto a discutir um cessar-fogo com os Estados Unidos. No entanto, o líder russo destacou que qualquer trégua deve levar a uma solução de longo prazo para o conflito.
Kallas demonstrou ceticismo em relação às intenções de Moscou: "Já vimos cessar-fogos antes, e a Rússia nunca cumpriu esses acordos", disse. Segundo a diplomata, cabe ao Kremlin demonstrar boa-fé para que as negociações avancem.
A vice-presidente da Comissão Europeia também tem criticado a mudança de postura dos Estados Unidos desde a posse de Trump, em janeiro. Após uma reunião tensa entre o presidente norte-americano e o líder ucraniano Volodymyr Zelenskiy no Salão Oval, Kallas publicou nas redes sociais que "o mundo livre precisa de um novo líder" e que "cabe a nós, europeus, assumir esse desafio".
Ela defende que qualquer eventual acordo de paz deve envolver não apenas os Estados Unidos, mas também a Europa e a própria Ucrânia, que atualmente estão sendo marginalizadas nas discussões.
Nos bastidores, Kallas sofreu um revés diplomático recentemente, quando uma reunião com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, foi cancelada de última hora por "questões de agenda". A expectativa era de que um encontro bilateral ocorresse antes do fim da reunião do G7, mas, até o momento, isso não aconteceu. Ainda assim, a diplomata minimizou a situação, dizendo que conversou com Rubio durante os intervalos do evento e que as interações foram "muito positivas".
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