China alerta países em desenvolvimento: hoje o Ocidente nos ataca por supostas violações em Xinjiang, amanhã vocês serão o alvo
Li Xiaomei, representante especial para direitos humanos da chancelaria chinesa, rechaçou proposta de resolução dos EUA que solicita ao CDH um “debate” sobre a situação em Xinjiang
Por Leonardo Sobreira, de Pequim (247) - O Ministério das Relações Exteriores da China rechaçou a iniciativa dos Estados Unidos de propor um “debate” no Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre o chamado “problema de Xinjiang”, alertando países em desenvolvimento sobre a politização de assuntos internos promovida pelo Ocidente.
Washington apresentou na semana passada uma proposta de resolução ao órgão de 47 nações, solicitando a realização de “um debate sobre a situação dos direitos humanos na Região Autônoma Uigur de Xinjiang” durante a próxima reunião do grupo, em março de 2023. O texto, que será votado nesta semana, foi co-patrocinado por aliados próximos dos EUA, nomeadamente Grã-Bretanha, Canadá, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Islândia e Noruega.
Falando a jornalistas nesta segunda-feira, 3, a representante especial para direitos humanos da chancelaria chinesa, Li Xiaomei, criticou a articulação dos países ocidentais. Segundo ela, a proposta de resolução deve ser rejeitada por todos os países em desenvolvimento no CDH, que são o verdadeiro alvo da ofensiva ocidental.
“O Conselho de Direitos Humanos tem feito um notável trabalho construtivo, mas, ao mesmo tempo, a politização é um dos grandes problemas no trabalho de direitos humanos das Nações Unidas”, disse a oficial, durante conferência organizada pelo Centro Internacional de Imprensa e Comunicação da China.
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“Muitos países em desenvolvimento foram alvos no Conselho de Direitos Humanos de maneira injusta. A China defende que o Conselho de Direitos Humanos seja uma plataforma para países apresentarem suas versões sobre como promover e proteger direitos humanos de acordo com suas respectivas histórias e condições nacionais”, acrescentou Li, explicando que a posição chinesa sobre direitos humanos enfatiza uma abordagem centrada nas pessoas, no desenvolvimento econômico e no não-intervencionismo.
Washington alega que a proposta de resolução é apenas processual. Conforme observa a Associated Press, o CDH frequentemente promove debate sobre temas de direitos humanos e o texto não chega a defender a aplicação de ferramentas mais fortes, como convocar especialistas independentes para examinar a situação in loco.
A oficial chinesa rejeitou esse argumento, apontando os objetivos obscuros por trás da articulação, entre eles o ataque ao mundo em desenvolvimento. “Essa movimentação dos países ocidentais, sob o nome de ‘resolução processual’, não tem como alvo somente a China, mas também todo o mundo em desenvolvimento. Hoje, é sobre Xinjiang e a China. Amanhã, poderá ser qualquer outro país em desenvolvimento”, disse.
A proposta dos EUA vem na esteira da divulgação do relatório sobre Xinjiang pelo Escritório do Alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Publicado minutos antes do fim do mandato de Michelle Bachelet na chefia do órgão, o relatório cita, com base em fontes separatistas, “detenção arbitrária e discriminatória”, “graves violações de direitos humanos” no contexto dos esforços do PCCh para erradicar o extremismo islâmico e “violações dos direitos reprodutivos”. Por fim, acusa a China de, possivelmente, ter cometido crimes contra a humanidade.
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Bachelet visitou Xinjiang em maio deste ano em meio a uma intensa campanha midiática no Ocidente denunciando supostos abusos cometidos contra os uigures. A viagem foi criticada intensamente pelos EUA, que, sem apresentarem evidências, acusam a China de cometer “genocídio” contra a maioria muçulmana da região.
A região do noroeste da China é um dos principais focos da propaganda anti-China, mobilizada pelos Estados Unidos e seus aliados com o objetivo de excluir Xinjiang das cadeias de produção global, desestabilizar a gestão do PCCh e, segundo alguns analistas, fomentar o separatismo e conflitos étnicos.
Li, que acompanhou Bachelet em sua visita a Xinjiang, classificou as alegações de genocídio como inconcebíveis. A oficial explicou que os esforços de desradicalização na região ocorreram em perfeita conformidade com as leis. A Constituição, o Direito Penal, a Lei de Combate ao Terrorismo e a Lei de Segurança Nacional formam a base legal para os esforços do PCCh no combate ao extremismo.
“O chamado ‘problema de Xinjiang’ não é sobre etnia, religião, ou direitos humanos. É sobre o esforço da China para combater o terrorismo. Por muitos anos, os atos terroristas na China foram muito severos, de tal forma que os direitos básicos da população de Xinjiang foram infringidos. Esses países sabem alguma coisa sobre os direitos e interesses da população de Xinjiang? Eles não ligam. Não se importam com direitos e interesses em Xinjiang, no restante da China ou em qualquer outro país em desenvolvimento. O que eles querem é usar os direitos humanos como um instrumento para alvejar países em desenvolvimento, servindo seus próprios propósitos políticos”, disse Li.
“A China está comprometida com a cooperação internacional e intercâmbios com outros países, em especial países em desenvolvimento. Isso deve basear-se no respeito mútuo, devemos ajudar uns aos outros autenticamente, ao invés de apontar o dedo e desonrar outros países”, destacou.
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