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    China e Índia buscam fornecedores de petróleo após novas sanções dos EUA à Rússia

    Refinarias chinesas e indianas aumentaram compras de petróleo do Oriente Médio e da África

    Um modelo de bomba de extração de petróleo é visto em frente às bandeiras dos EUA e da Rússia, nesta ilustração tirada em 8 de outubro de 2023 (Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração/Foto de Arquivo)
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    (Reuters) – Refinarias da China e da Índia estão buscando fontes alternativas de combustíveis enquanto se adaptam às novas sanções severas dos Estados Unidos contra produtores russos e petroleiros. Essas medidas têm como objetivo reduzir a receita da Rússia, o segundo maior exportador de petróleo do mundo.

    A administração do presidente Joe Biden impôs, na sexta-feira, seu pacote mais abrangente de sanções até agora, direcionado às receitas de petróleo e gás da Rússia. O objetivo é fortalecer a posição de Kyiv e da futura administração de Donald Trump para alcançar um acordo de paz na Ucrânia.

    A futura administração Trump ainda não comentou o assunto.

    O Departamento do Tesouro dos EUA sancionou as produtoras de petróleo russas Gazprom Neft e Surgutneftegaz, além de 183 navios que fazem parte de uma "frota sombra" que vinha permitindo à Rússia contornar as sanções para comercializar seu petróleo no mercado global.

    Segundo o Morgan Stanley, citando dados da plataforma de rastreamento de navios Vortexa, os petroleiros afetados pelas novas sanções transportaram cerca de 1,5 milhão de barris de petróleo por dia em 2024, o equivalente a aproximadamente 1,4% da demanda global de petróleo.

    Grande parte desse petróleo era destinada à Índia e à China, após as sanções ocidentais e o teto de preços impostos pelo Grupo dos Sete (G7) em 2022 terem redirecionado o comércio de petróleo russo da Europa para a Ásia. Alguns navios também transportaram petróleo do Irã, que também está sob sanções.

    Os preços do petróleo dispararam. O barril de Brent, referência global, ultrapassou US$ 81 na segunda-feira, atingindo o maior valor desde agosto. A diferença de preço entre o petróleo para entrega imediata e aquele para entrega em seis meses atingiu o maior patamar desde abril, sugerindo que os traders esperam que a oferta permaneça limitada.

    O Kremlin afirmou que as sanções podem desestabilizar os mercados globais e que Moscou buscará formas de enfrentá-las.

    "Está claro que os Estados Unidos continuarão tentando prejudicar as posições de nossas empresas de maneira não competitiva, mas esperamos ser capazes de reagir a isso", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta segunda-feira.

    Washington também impôs sanções às seguradoras marítimas russas Ingosstrakh e Alphastrakhovanie.

    Ainda não está claro o que acontecerá com os navios cujas seguradoras não são conhecidas em caso de desastres ambientais e quais mecanismos seriam utilizados para cobrir os custos de limpeza ou indenizações.

    ADAPTAÇÃO? - A China reiterou sua oposição às sanções unilaterais dos EUA.

    Analistas afirmam que as novas sanções provavelmente reduzirão as exportações de petróleo russo no curto prazo, mas a Rússia pode se adaptar utilizando os navios de sua frota sombra que ainda não foram sancionados.

    Estima-se que a frota sombra da Rússia tenha cerca de 600 petroleiros, embora o tamanho real não seja conhecido.

    Após as novas sanções, pelo menos 65 navios-tanque ancoraram em diversos locais, incluindo costas da China e da Rússia, segundo dados de rastreamento de navios. Cinco deles estavam parados próximos a portos chineses e outros sete perto de Singapura, com outros ancorados perto da Rússia no Mar Báltico e no Extremo Oriente.

    O grupo Shandong Port proibiu a atracação de petroleiros sancionados pelos EUA antes mesmo do anúncio oficial na sexta-feira.

    A gravidade das novas medidas levou refinarias chinesas a recorrerem a fornecedores de petróleo sem restrições, elevando os preços de mercado para alguns tipos de petróleo regional e pressionando ainda mais o mercado global.

    A refinaria chinesa Yulong Petrochemical, que anteriormente comprava petróleo russo ESPO Blend, adquiriu no fim de semana 4 milhões de barris do petróleo Upper Zakum, de Abu Dhabi, para carregamento em fevereiro e março, de acordo com traders. O petróleo foi comprado da Totsa, braço comercial da francesa TotalEnergies.

    Nas últimas semanas, a Yulong também comprou petróleo de Angola e do Brasil e está em negociações para adquirir mais óleo da África Ocidental e do Canadá.

    Na sexta-feira, a chinesa Unipec também reservou quatro superpetroleiros, cada um com capacidade para transportar até 2 milhões de barris de petróleo, provenientes do Oriente Médio, segundo dados da empresa de inteligência Kpler.

    Fontes ouvidas pela Reuters preferiram não ser identificadas por não estarem autorizadas a falar com a imprensa. Tanto a Yulong quanto a Totsa normalmente não comentam negociações comerciais.

    IMPORTAÇÕES DA ÍNDIA EM ALTA - Atualmente, mais de 60% das exportações marítimas de petróleo da Rússia têm como destino a Índia, o terceiro maior importador e consumidor de petróleo do mundo.

    Embora refinarias indianas tenham interrompido negócios com petroleiros e entidades sancionadas pelos EUA, o país não espera interrupções no fornecimento de petróleo russo durante o período de transição de dois meses, afirmou uma fonte do governo nesta segunda-feira.

    A Índia permitirá o desembarque de cargas de petróleo russo contratadas antes de 10 de janeiro, segundo a fonte, acrescentando que a Rússia poderá oferecer descontos ainda maiores para cumprir o teto de preço de US$ 60 por barril imposto pelo G7 em 2022. Remessas abaixo desse valor podem utilizar petroleiros e seguros ocidentais.

    O Banco Sinara, com sede em Moscou, também afirmou que descontos temporários podem ser aplicados ao petróleo russo Urals em relação ao Brent.

    Traders disseram que refinarias indianas, que compraram petróleo spot do Oriente Médio antes do anúncio das sanções, estão buscando mais cargas.

    A estatal indiana Bharat Petroleum Corp Ltd (BPCL) comprou 2 milhões de barris de petróleo de Omã, com carregamento previsto para fevereiro, da Totsa, segundo duas fontes familiarizadas com o assunto.

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