Convocados por Macron, líderes europeus se reúnem em Paris para discutir participação na guerra da Ucrânia

247 - Vários chefes de governo europeus estão reunidos nesta segunda-feira (17) em Paris para discutir os impactos da recente postura dos Estados Unidos em relação à guerra na Ucrânia e definir uma estratégia conjunta para reforçar a segurança no continente europeu. O encontro ocorre em meio a uma crescente inquietação sobre a influência das decisões do presidente norte-americano Donald Trump na política de defesa da região.

A reunião acontece poucos dias após Trump ter conversado diretamente com o presidente russo Vladimir Putin e anunciado a possibilidade de negociações diretas sobre a Ucrânia durante um futuro encontro na Arábia Saudita. No domingo, Trump indicou que uma reunião com Putin poderia ocorrer "muito em breve".

Outro fator que impulsionou a necessidade deste encontro foi o discurso polêmico do vice-presidente norte-americano J.D. Vance na Conferência de Segurança de Munique, no qual ele expressou uma posição crítica em relação aos aliados europeus, deixando muitos líderes do continente apreensivos.

"Consideramos que, diante da nova postura dos Estados Unidos em relação à Ucrânia e das recentes declarações das lideranças americanas, os europeus precisam agir mais, melhor e de maneira coerente para garantir nossa segurança coletiva", afirmou um assessor do presidente francês Emmanuel Macron no domingo.

O encontro, de caráter informal, conta com a presença de Emmanuel Macron, dos chefes de governo da Alemanha, Reino Unido, Itália, Polônia, Espanha, Países Baixos e Dinamarca, além do presidente do Conselho Europeu, da presidente da Comissão Europeia e do secretário-geral da OTAN.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, declarou no domingo que está disposto a enviar tropas para a Ucrânia, caso seja necessário para garantir a segurança do Reino Unido e da Europa.

"O Reino Unido tem desempenhado um papel fundamental no apoio a Kiev na guerra contra a Rússia. Isso também significa que estamos prontos para contribuir com garantias de segurança para a Ucrânia, incluindo o envio de nossas próprias tropas, se necessário", escreveu Starmer no jornal britânico Daily Telegraph.

O primeiro-ministro destacou que não faz essa afirmação levianamente e reconhece a gravidade de colocar soldados britânicos em risco. No entanto, ressaltou que "ajudar a garantir a segurança da Ucrânia é também ajudar a garantir a segurança do nosso continente e do nosso país".

Starmer também anunciou que pretende se reunir com Donald Trump nos próximos dias. Segundo ele, o Reino Unido tem "um papel único" na mediação entre Europa e Estados Unidos para assegurar uma cooperação estreita entre as duas partes. O primeiro-ministro britânico enfatizou que o apoio dos EUA continua sendo fundamental e que "somente os Estados Unidos podem dissuadir Vladimir Putin de novos ataques".

Com a crescente incerteza sobre a posição americana na guerra da Ucrânia, os líderes europeus tentam reforçar sua própria capacidade de resposta e garantir a segurança regional frente às mudanças no cenário geopolítico.