Cortes do governo Trump na ciência geram caos no mundo da pesquisa
Universidades demitem, suspendem contratações e interrompem estudos, enquanto pesquisadores enfrentam incertezas sobre o futuro da ciência nos EUA
247 - As medidas de cortes orçamentários promovidas pelo governo do ex-presidente Donald Trump estão causando um impacto profundo no setor científico dos Estados Unidos. Instituições de renome como Harvard, Columbia e Caltech enfrentam dificuldades financeiras que resultaram em demissões, suspensão de contratações e interrupção de pesquisas. Harvard, por exemplo, suspendeu temporariamente a contratação de professores, enquanto a Universidade de Columbia lida com cortes de US$ 400 milhões em financiamento federal. Essas mudanças, segundo especialistas, podem comprometer a liderança global dos EUA em ciência e tecnologia, destaca a Bloomberg.
A reportagem destaca ainda que o governo federal tem sido uma fonte essencial de dados para áreas como clima e saúde, mas cortes na Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) já estão afetando a coleta de informações básicas. Três escritórios locais de previsão reduziram suas operações, e um deles, no Alasca, interrompeu completamente o lançamento de balões meteorológicos. "Dos locais remotos vêm alguns dos dados mais valiosos", afirma John Dean, cofundador da startup WindBorne Systems. "Perder essas observações significa que a qualidade de nossas previsões vai se degradar."
Bolsas de pesquisa também estão em risco. Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) anunciaram cortes de 15% nos valores destinados a custos indiretos, que cobrem despesas como manutenção e suporte técnico. Alexandra Tate, socióloga da Universidade de Chicago, tem duas propostas de bolsas do NIH, no valor de quase US$ 650 mil, em suspenso. "Não sei para onde minha carreira está indo a partir daqui", desabafa. Outras agências, como a Administração de Seguro Social (SSA), também cancelaram financiamentos, impactando pesquisas importantes e levando a demissões.
Enquanto os pesquisadores americanos lidam com restrições de financiamento, outros países estão se aproveitando da situação para atrair talentos. Pelo menos uma universidade francesa se apresenta como um "local seguro para a ciência", e a China tem intensificado a contratação de cientistas. "Já estamos vendo a China anunciar a contratação de cientistas demitidos para se mudar e trabalhar lá", afirma Zoe Lofgren, democrata no Comitê de Ciência, Espaço e Tecnologia da Câmara.
A economia dos EUA tem sido fortemente ligada à ciência desde a Segunda Guerra Mundial, com taxas de retorno para pesquisa e desenvolvimento variando entre 150% e 300%, segundo estimativas do Federal Bank de Dallas. No entanto, os cortes atuais ameaçam não apenas o presente, mas também o futuro da inovação no país. "Perderemos áreas-chave se houver um recuo federal excessivo", alerta Diane Souvaine, ex-presidente do conselho da National Science Foundation (NSF). Enquanto a incerteza domina o cenário científico americano, pesquisadores refletem sobre o que está por vir.
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