Do hospital, Papa Francisco condena guerras e defende diplomacia: "É preciso desarmar a Terra"

247 - O papa Francisco fez um apelo pelo desarmamento global e destaca a importância de desarmar as palavras e as mentes para promover a paz. ​O pedido foi feito em uma carta ao diretor do jornal italiano Corriere della Sera, Luciano Fontana.

No texto, datado de 14 de março, Francisco destaca a necessidade de "desarmar as palavras, para desarmar as mentes e desarmar a Terra", um posicionamento que ocorre no momento em que a União Europeia avança com um plano para reativar sua indústria de defesa e fortalecer seu aparato militar diante da Rússia.

"Caro diretor, gostaria de agradecê-lo pelas palavras de proximidade com que você buscou se fazer presente neste momento de doença, no qual, como já pude dizer, a guerra parece ainda mais absurda", escreveu o Papa. Ele enfatizou que sua fragilidade física o tornou ainda mais consciente do caráter destrutivo dos conflitos e da necessidade de uma mudança de postura global.

Francisco argumenta que a guerra não resolve disputas, apenas amplia sofrimentos e destrói vidas. "Existe uma grande necessidade de reflexão, de calma, de senso de complexidade. Enquanto a guerra não faz nada além de devastar as comunidades e o meio ambiente, sem oferecer soluções para os conflitos, a diplomacia e as organizações internacionais necessitam de nova vida e credibilidade", destacou.

O pontífice também abordou o papel das religiões na construção de um mundo mais pacífico. Para ele, elas podem "reacender o desejo de fraternidade e justiça e a esperança de paz". "Tudo isso exige comprometimento, trabalho, silêncio, palavras. Sintamo-nos unidos neste esforço, que a graça celeste não deixará de inspirar e acompanhar", concluiu Jorge Bergoglio.

Francisco segue internado no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, desde 14 de fevereiro para tratar a infecção nos pulmões. Apesar de apresentar sinais de melhora, sua equipe médica ainda não forneceu uma previsão de alta.