Embaixadores protestam contra postura de Israel
Em carta aberta, um grupo de embaixadores aposentados do Itamaraty critica a decisão do primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de indicar um embaixador no Brasil sem submetê-lo, antes, ao governo brasileiro; lembrando a memória do embaixador Luís Martins de Sousa Dantas, "que salvou centenas de judeus do Holocausto", eles dizem que a indicação de Dani Dayan é uma afronta; assinam o manifesto, entre outros, os embaixadores Jório Dauster, Marcílio Marques Moreira e José Maurício Bustani
247 - Um grupo de embaixadores aposentados do Itamaraty lançou um manifesto criticando a decisão do primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de indicar um embaixador no Brasil sem submetê-lo, antes, ao governo brasileiro.
Lembrando a memória do embaixador Luís Martins de Sousa Dantas, “que salvou centenas de judeus do Holocausto”, eles dizem que a indicação é uma afronta: “Essa quebra da praxe diplomática parece proposital, numa tentativa de criar fato consumado, uma vez que o indicado, Dani Dayan, ocupou entre 2007 e 2013 a presidência do Conselho Yesha, responsável pelos assentamentos na Cisjordânia considerados ilegais pela comunidade internacional, e já se declarou contrário à criação do Estado Palestino, que conta com o apoio do governo brasileiro e que já foi reconhecido por mais de 70% dos países membros das Nações Unidas”, disseram.
Assinam o manifesto, entre outros, os embaixadores Jório Dauster, Marcílio Marques Moreira, José Maurício Bustani e José Viegas Filho.
Leia abaixo:
Nós, os diplomatas aposentados abaixo assinados, lembrando a memória do Embaixador Luís Martins de Sousa Dantas, que salvou centenas de judeus do Holocausto; orgulhosos do papel desempenhado pelo Brasil nas Nações Unidas quando, sendo Osvaldo Aranha Presidente da Assembleia Geral, foi sancionada a criação do estado de Israel,
Consideramos inaceitável que o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, haja anunciado publicamente o nome de quem pretendia indicar como novo embaixador de seu país no Brasil antes de submetê-lo, como é norma, a nosso governo. Essa quebra da praxe diplomática parece proposital, numa tentativa de criar fato consumado, uma vez que o indicado, Dani Dayan, ocupou entre 2007 e 2013 a presidência do Conselho Yesha, responsável pelos assentamentos na Cisjordânia considerados ilegais pela comunidade internacional, e já se declarou contrário à criação do Estado Palestino, que conta com o apoio do governo brasileiro e que já foi reconhecido por mais de 70% dos países membros das Nações Unidas.
Nessas condições, apoiamos a postura do governo brasileiro na matéria e fazemos votos de que o presente episódio seja superado prontamente a fim de podermos, em conjunto, reforçar os vínculos entre os dois países num momento histórico em que o espírito de conciliação se torna imperativo.
Adhemar Bahadian, Amaury Porto de Oliveira, Armando Victor Boisson Cardoso, Brian Michael Fraser Neele, Carlos Alberto Leite Barbosa, Carlos Eduardo Alves de Souza, Christiano Whitaker, Edgar Telles Ribeiro, Fernando Guimarães Reis, Fernando Silva Alves, Geraldo Holanda Cavalcanti, Heloisa Vilhena de Araujo, Hildebrando Tadeu Valladares, Janine-Monique Bustani, Joaquim A. Whitaker Salles, Jorio Dauster, José Maurício Bustani, José Viegas Filho, Julio Cesar Gomes dos Santos, Luciano Rosa, Luiz Augusto de Castro Neves, Luiz Fachini-Gomes, Luiz Felipe Lampreia, Luiz Orlando Carone Gelio, Marcílio Marques Moreira, Marcio Dias, Maria Celina Azevedo Rodrigues, Oswaldo Portella, Roberto Abdenur, Ronaldo Mota Sardenberg, Samuel Pinheiro Guimarães, Sergio Fernando Guarischi Bath, Sergio A. Florencio Sobrinho, Sergio Henrique Nabuco de Castro, Sergio Serra, Stelio Amarante, Thereza Quintella, Vera Pedrosa, Virgílio Moretzsohn de Andrade, Washington Luis P. Sousa
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