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    Entenda por que o regime sírio caiu tão rapidamente e o que vem pela frente

    Pesquisador Murad Sadygzade analisa o colapso de Damasco, atribuindo o desfecho a pressões externas e fragilidades internas

    Bashar al-Assad (Foto: SANA/Handout via Reuters)

    247– A queda de Damasco, ocorrida neste domingo 8 de dezembro, marca um ponto de inflexão na história do Oriente Médio. Em análise publicada no site RT, Murad Sadygzade, presidente do Centro de Estudos de Oriente Médio da Universidade de Moscou, descreveu os fatores que levaram ao colapso do regime de Bashar al-Assad, destacando a influência de potências externas e os erros estratégicos do governo sírio.

    Segundo Sadygzade, o conflito sírio, que começou há mais de uma década, já havia desgastado as bases econômicas, sociais e políticas do país. “O regime sírio sofreu anos de guerra, sanções devastadoras e uma incapacidade de responder às demandas internas. Quando as forças de oposição e terroristas se aproximaram de Damasco, o Estado estava demasiadamente enfraquecido para resistir”, afirmou.

    O colapso de Damasco

    O especialista detalhou que a ofensiva final começou com uma escalada na província de Idlib, liderada por grupos como o Hay’at Tahrir al-Sham (HTS), considerados terroristas por vários países. No dia 7 de dezembro, essas forças cercaram Damasco após tomar Homs, enfrentando pouca resistência. O caos rapidamente se instaurou na capital, com soldados abandonando seus postos e civis fugindo em massa. “Foi um colapso repentino, mas não inesperado. Os sinais de desintegração estavam presentes há anos”, analisou Sadygzade.

    A celebração de parte da população, especialmente nas regiões do sul da capital, contrastou com o pânico em outras áreas. A derrubada da estátua de Hafez al-Assad, fundador do regime, simbolizou a quebra definitiva de um sistema que dominou o país por décadas.

    O papel das potências regionais e globais

    Para Sadygzade, o colapso do regime não pode ser entendido sem considerar a intervenção de potências externas. Ele destacou o apoio de países ocidentais e árabes aos grupos opositores e o papel de Israel na consolidação de ganhos estratégicos, como a expansão nas Colinas de Golã. Além disso, a perda de apoio de aliados tradicionais, como a Rússia e o Irã, foi determinante para o desfecho. “A Síria tornou-se um tabuleiro de xadrez onde cada movimento externo aprofundava a crise interna”, afirmou.

    Apesar da promessa de estabilidade feita por líderes da oposição, como Hadi al-Bahra, a experiência de outros países, como a Líbia, aponta para um futuro incerto. “O colapso do regime não significa automaticamente a chegada da paz. A fragmentação do país, conflitos internos e a interferência estrangeira podem perpetuar a instabilidade”, alertou o especialista.

    A queda do regime sírio, segundo Murad Sadygzade, é um reflexo de uma combinação complexa de erros internos e pressões externas. Enquanto as potências regionais e globais reavaliam suas posições, o destino da Síria permanece incerto, e o impacto dessa transformação pode reverberar em todo o Oriente Médio.

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