Estados Unidos vão “comprar e possuir” Gaza, diz Trump
Presidente dos EUA sugere transformar o território devastado em um projeto sob controle norte-americano, mas proposta enfrenta forte rejeição
Reuters - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo que está comprometido em "comprar e possuir" Gaza, mas que poderia permitir que partes do território devastado pela guerra fossem reconstruídas por outros países do Oriente Médio.
"Estou comprometido em comprar e possuir Gaza. Quanto à reconstrução, podemos permitir que outros países do Oriente Médio reconstruam partes dela, outras pessoas podem fazer isso sob nossa supervisão. Mas estamos comprometidos em possuí-la, tomá-la e garantir que o Hamas não volte para lá", declarou Trump a jornalistas a bordo do Air Force One, enquanto se dirigia a Nova Orleans para assistir ao Super Bowl da National Football League (NFL).
"Não há nada para voltar. O lugar é um canteiro de demolição. O que restou será demolido. Tudo está demolido", acrescentou o ex-presidente.
Trump também afirmou estar aberto à possibilidade de permitir que alguns refugiados palestinos entrem nos Estados Unidos, mas que analisaria esses pedidos caso a caso.
Ezzat El Rashq, membro do gabinete político do Hamas, condenou as declarações de Trump sobre a compra e posse de Gaza. "Gaza não é uma propriedade para ser comprada e vendida. É uma parte integrante da nossa terra palestina ocupada", disse Rashq em comunicado, acrescentando que os palestinos resistirão a qualquer plano de deslocamento forçado.
Trump já havia sugerido a ideia de remover permanentemente os palestinos que vivem em Gaza e transformar a região em uma "Riviera do Oriente Médio". Na semana passada, ele mencionou pela primeira vez a possibilidade de os Estados Unidos assumirem o controle do território e realizarem um grande esforço de reconstrução.
A declaração de Trump, no entanto, não deixou claro qual seria o futuro dos palestinos que já sofreram mais de um ano de bombardeios israelenses em resposta ao ataque do Hamas em outubro de 2023. Também não está claro sob qual autoridade os Estados Unidos poderiam reivindicar Gaza. O anúncio recebeu críticas imediatas de vários países.
No domingo, o presidente de Israel, Isaac Herzog, afirmou que Trump deverá se encontrar com o presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, e possivelmente com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, mas não especificou datas para essas reuniões.
As declarações foram feitas durante uma entrevista à jornalista Maria Bartiromo, da Fox News, em resposta a uma pergunta sobre a proposta de Trump de assumir e reconstruir Gaza. Herzog não deu detalhes sobre o conteúdo das reuniões, mas mencionou que Trump também deve se reunir nos próximos dias com o rei da Jordânia, Abdullah II, encontro que já foi confirmado pela agência estatal jordaniana.
"O presidente Trump deve se reunir com grandes líderes árabes, primeiramente o rei da Jordânia, o presidente do Egito e, acredito, também o príncipe herdeiro da Arábia Saudita", afirmou Herzog.
"Esses são parceiros que devem ser ouvidos, com quem devemos dialogar. Temos que respeitar seus sentimentos e entender como construir um plano sustentável para o futuro", acrescentou.
A Arábia Saudita rejeitou categoricamente o plano de Trump para Gaza, assim como diversos líderes mundiais.
O rei Abdullah II da Jordânia pretende dizer a Trump, durante o encontro planejado para 11 de fevereiro em Washington, que a proposta é uma "receita para o radicalismo" e que traria mais caos ao Oriente Médio, além de colocar em risco a paz entre Jordânia e Israel, segundo informações da agência Reuters.
A Casa Branca não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário. Também não foi possível obter uma reação de autoridades do Egito e da Arábia Saudita.
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