EUA pressionam empresas europeias a abandonarem programas de diversidade
Carta enviada por embaixadas americanas exige conformidade com ordem de Trump que proíbe programas de DEI em fornecedores do governo dos EUA
247 - O governo dos Estados Unidos enviou uma carta a grandes empresas europeias, alertando sobre a necessidade de cumprir uma ordem executiva do ex-presidente Donald Trump que proíbe programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). A informação foi divulgada pelo jornal Financial Times, que teve acesso ao documento enviado pela embaixada americana em Paris e outras embaixadas na União Europeia.
O documento, intitulado "Certificação sobre conformidade com a legislação federal antidiscriminação aplicável", afirma que as novas regras implementadas nos EUA também se aplicam a fornecedores e prestadores de serviços do governo americano fora do país. "Informamos que a Ordem Executiva 14173, Encerrando a Discriminação Ilegal e Restaurando Oportunidades Baseadas no Mérito, assinada pelo presidente Trump, se aplica a todos os fornecedores e prestadores de serviços do Governo dos EUA, independentemente de sua nacionalidade e do país em que operam", diz o texto, segundo uma cópia publicada pelo jornal francês Le Figaro.
Segundo o Financial Times, as embaixadas também enviaram um questionário para que as empresas confirmassem se estavam em conformidade com a nova política. "Os contratados do Departamento de Estado devem certificar que não operam nenhum programa que promova DEI e que viole quaisquer leis antidiscriminação aplicáveis, e concordar que tal certificação é essencial para a decisão de pagamento do governo e, portanto, sujeita ao False Claims Act", destaca o documento. O movimento é visto como uma ampliação da campanha de Trump contra a DEI para empresas estrangeiras, após a ofensiva contra grupos de mídia nos EUA, como a Disney.
A repercussão na Europa foi imediata. De acordo com o FT, o Ministério da França demonstrou preocupação. “Essa prática reflete os valores do novo governo dos EUA. Eles não são os mesmos que os nossos”, disse uma fonte próxima ao ministro da Economia, Eric Lombard. “O ministério lembrará seus colegas do governo americano sobre isso.”
O contexto do envio dessa carta coincide com o aumento das tensões econômicas entre os EUA e a Europa, especialmente após Trump impor tarifas adicionais de 25% sobre importações do setor automotivo e aumentar taxas sobre aço e alumínio europeus. A União Europeia já indicou que prepara tarifas recíprocas, embora ainda não tenha decidido quais produtos serão afetados.
As diferenças culturais e legislativas entre os dois continentes também complicam a situação. Nos EUA, as empresas adotaram iniciativas de DEI para combater desigualdades históricas, impulsionadas por eventos como o assassinato de George Floyd. Já na França, as políticas de DEI enfrentam limitações legais devido à abordagem secular do país, que proíbe a coleta de dados raciais e étnicos.
Ainda segundo o Financial Times, empresas francesas de aviação, defesa, consultoria e infraestrutura poderiam ser impactadas pelas novas regras americanas. No entanto, o jornal não conseguiu determinar quais empresas receberam a carta.
Nos Estados Unidos, várias corporações têm recuado de iniciativas de DEI sob pressão política e pública. Empresas como Victoria’s Secret, Target, Meta e Walmart abandonaram metas relacionadas à contratação e promoção de diversidade, refletindo uma mudança de postura frente à agenda conservadora que se fortaleceu nos últimos anos.
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