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      EUA usam ameaça de Rússia e China para ampliar influência na Groenlândia, alerta especialista chinês

      Washington manipula a narrativa geopolítica para justificar ambições estratégicas no Ártico

      Vance e sua mulher Usha visitam base norte-americana na Groenlândia - 28/03/2025 (Foto: Jim Watson/Pool via REUTERS)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Durante visita à base militar americana de Pituffik, no norte da Groenlândia, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, acusou a Dinamarca de não proteger adequadamente o território insular de supostas “incursões agressivas” de países como Rússia e China. A notícia foi divulgada pelas agências Reuters e Associated Press e repercutida pelo Global Times. A declaração reacende a disputa estratégica no Ártico, região cada vez mais valorizada por suas rotas marítimas, recursos minerais e posição geopolítica sensível.

      “Precisamos estar à frente na defesa da Groenlândia. Não temos outra opção senão liderar esse esforço”, declarou Vance, segundo a Reuters, embora tenha descartado, por ora, a ampliação da presença militar no local. Ele afirmou que os EUA investirão em novos recursos, incluindo navios navais adicionais, para garantir a segurança da região. Vance também incentivou movimentos locais de independência em relação à Dinamarca — uma posição que, no passado, já provocou reações contrárias entre líderes e cidadãos groenlandeses.

      A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, reagiu às falas do vice-presidente norte-americano, classificando-as como “injustas”. “Somos um aliado forte e confiável. A Dinamarca tem investido em defesa no Ártico, incluindo navios e drones de longo alcance”, afirmou Frederiksen, lembrando que o país tem se mantido ao lado dos Estados Unidos em conflitos internacionais, como a chamada guerra ao terror.

      Já em Washington, o ex-presidente Donald Trump voltou a defender a importância estratégica da Groenlândia. “Os Estados Unidos precisam da Groenlândia para garantir a segurança internacional”, afirmou, reiterando o antigo desejo de adquirir o território, que está sob administração dinamarquesa desde 1721.

      China critica “obsessão” americana por rivalidades entre grandes potências

      As declarações americanas foram duramente criticadas por autoridades e especialistas chineses. Para Li Haidong, professor da Universidade de Relações Exteriores da China, o discurso dos EUA faz parte de uma estratégia maior baseada na competição entre grandes potências. “A tentativa de justificar a intervenção na Groenlândia com base na suposta ameaça chinesa é um disfarce para os reais interesses de Washington: recursos naturais e rotas estratégicas”, afirmou Li, em entrevista ao Global Times.

      Li também criticou a postura coercitiva dos EUA, que, segundo ele, revela uma mentalidade ultrapassada de política de poder. “Quanto mais Washington difama a China, mais claro fica para o mundo quem realmente mina a ordem internacional baseada em regras”, completou.

      Em 5 de março, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, comentou sobre o crescente controle dos EUA sobre regiões como o Canal do Panamá e a própria Groenlândia. “A China sempre defendeu que as relações entre países devem ser guiadas pelos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas”, disse o diplomata, reiterando a oposição chinesa a intervenções unilaterais com pretextos geopolíticos.

      Disputa pelo Ártico: entre a retórica e os interesses estratégicos

      O Ártico tem ganhado destaque crescente nas disputas geopolíticas globais. A Groenlândia, em especial, por sua posição estratégica e reservas minerais, tornou-se peça central no tabuleiro do século XXI. A movimentação dos EUA, com acusações à Rússia e à China, reflete uma tentativa de ampliar sua esfera de influência na região — mesmo em detrimento de aliados tradicionais como a Dinamarca.

      O episódio atual mostra como a nova Guerra Fria entre grandes potências se desloca para cenários periféricos, como o Ártico, onde interesses econômicos e estratégicos se misturam com discursos sobre segurança e soberania. A resposta firme da Dinamarca e as críticas da China indicam que a Groenlândia pode se tornar, mais uma vez, foco de tensões internacionais.

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