Exército ucraniano enfrenta "cerco total" em Kursk, na Rússia
A situação da Ucrânia em Kursk se deteriorou rapidamente nos últimos dias e Kiev considera retirar suas forças do território russo
247 – Milhares de soldados ucranianos que avançaram para a região de Kursk, na Rússia, no último verão (N), em uma invasão surpresa, estão quase cercados pelas forças russas, representando um grande revés para Kiev, que esperava usar sua presença na região como uma vantagem estratégica nas negociações de paz com Moscou. As informações são da Reuters.
A situação da Ucrânia em Kursk se deteriorou rapidamente nos últimos três dias, de acordo com mapas de fontes abertas, depois que as forças russas recuperaram territórios como parte de uma contraofensiva, que quase dividiu as forças ucranianas em duas e isolou o grupo principal de suas linhas de suprimento.
A situação crítica para a Ucrânia ocorre logo após Washington suspender o compartilhamento de inteligência com Kiev, aumentando as chances de que as tropas ucranianas tenham que escolher entre uma retirada politicamente embaraçosa e psicologicamente difícil para o território ucraniano ou o risco de serem capturadas ou eliminadas.
O revés no campo de batalha surge em um momento em que Kiev enfrenta crescente pressão da administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para aceitar um cessar-fogo com Moscou, enquanto as forças de Vladimir Putin continuam avançando em partes da linha de frente dentro da Ucrânia.
Especialistas alertam para possível cerco total
"A situação (para a Ucrânia em Kursk) é muito ruim", disse à Reuters Pasi Paroinen, analista militar do grupo Black Bird, com sede na Finlândia.
"Agora, falta muito pouco para que as forças ucranianas sejam completamente cercadas ou forçadas a recuar. E a retirada significaria atravessar uma zona extremamente perigosa, onde as tropas estariam sob constante ameaça de drones e artilharia russos", alertou.
"Se as forças ucranianas não conseguirem reverter rapidamente a situação, este pode ser o momento em que a saliência de Kursk finalmente se fecha, transformando-se em uma bolsa cercada."
O analista militar Yan Matveev afirmou, no Telegram, que a Ucrânia agora enfrenta uma decisão difícil.
"O único argumento a favor de manter a posição em Kursk é político. Usar o que resta da presença ucraniana como moeda de troca. E também um pouco pela moral – afinal, uma retirada é uma retirada...", disse Matveev.
Kiev considera retirada
As forças da Ucrânia estão considerando uma retirada de Kursk, com 10.000 soldados ucranianos correndo risco direto, informou o The Telegraph neste sábado (8).
De acordo com o jornal, tropas norte-coreanas desempenharam um papel importante na ofensiva que destruiu as linhas de suprimento em Kursk.
Levando a guerra para a Rússia
A incursão ucraniana em Kursk, em agosto passado, foi o ataque mais sério ao território russo desde a invasão nazista da União Soviética em 1941. O objetivo era levar a guerra para dentro do território russo.
O presidente Volodymyr Zelensky declarou que a incursão também tinha como meta aliviar a pressão sobre as tropas ucranianas, forçando Moscou a redirecionar recursos militares para proteger seu próprio território. Além disso, a presença em Kursk poderia servir como uma ferramenta de negociação para Kiev em futuras conversas de paz.
No entanto, com os recentes avanços russos na região, o risco de um cerco total pode transformar essa ofensiva em um grande revés estratégico para a Ucrânia.
Entenda
Em agosto de 2024, as forças ucranianas cruzaram a fronteira com a Rússia e lançaram uma ofensiva na região de Kursk. Comentando o ataque, o presidente russo Vladimir Putin afirmou que a Ucrânia realizou mais uma grande provocação, acrescentando que o inimigo receberá uma resposta adequada. O Ministério da Defesa da Rússia declarou que, durante a ofensiva na região de Kursk, as tropas ucranianas perderam mais de 65.000 soldados.
A Rússia lançou a “Operação Militar Especial” na Ucrânia em fevereiro de 2022. As autoridades russas afirmam que a ofensiva tem como objetivo proteger a população russa submetida a genocídio pelo regime de Kiev. Moscou declara que é necessário remover forças militares e elementos neonazistas da Ucrânia para alcançar esses objetivos.
As autoridades da Ucrânia negam associações ao nazismo, afirmando que a política do país é completamente livre de fascistas. Kiev argumenta que a invasão russa é uma guerra de agressão e de expansão imperialista.
A Rússia anexou quatro regiões ucranianas parcialmente ocupadas em outubro de 2022. Em agosto de 2024, a Ucrânia invadiu o território russo e iniciou uma ocupação limitada. Diversos países, especialmente da Otan (Aliança do Tratado do Atlântico Norte), forneceram assistência militar e financeira para a Ucrânia e implementaram sanções contra a Rússia. Irã e Coreia do Norte auxiliam as Forças Armadas da Rússia.
Mais de 12.300 civis foram mortos desde a invasão da Rússia há quase três anos, disse uma autoridade da ONU em janeiro. Moscou contesta as figuras.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou, em conjunto com a China em maio de 2024, uma proposta para negociações com o objetivo de promover uma solução diplomática da crise ucraniana.
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