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    Gabinete de Netanyahu enfrenta crise após avanço nas negociações de cessar-fogo

    Ministros israelenses de extrema-direita podem deixar o governo em meio a um acordo iminente de cessar-fogo com o Hamas

    Itamar Ben-Gvir e Bezael Smotrich (Foto: REUTERS/Ammar Awad)
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    247 - Ministros israelenses de extrema-direita ameaçaram abandonar o governo caso o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu assine um acordo de cessar-fogo com o movimento palestino Hamas na Faixa de Gaza em sua forma atual, alegando que isso representa uma ameaça à segurança nacional.

    O ministro da Segurança de Israel, Itamar Ben-Gvir pediu nesta terça-feira (14) ao ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que abandone seu cargo caso o acordo seja assinado.

    "O primeiro-ministro só evitará assinar o acordo se a força contrária for suficientemente forte. Na atual composição do gabinete, a influência do partido Poder Judaico sozinha não é suficiente... Por isso, peço ao meu amigo, o ministro das Finanças Bezalel Smotrich, que se junte a mim para combater esse acordo horrível e deixar claro ao primeiro-ministro que, caso o acordo seja aprovado, deixaremos o gabinete juntos", declarou Ben-Gvir nas redes sociais.

    O líder do partido nacionalista Poder Judaico descreveu o acordo como "monstruoso", alertando que ele resultaria na libertação de "centenas de terroristas assassinos" das prisões israelenses e anularia as conquistas militares de Israel no último ano sem garantir a libertação dos reféns israelenses que ainda estão sob custódia na Faixa de Gaza.

    Tanto Smotrich quanto Ben-Gvir já criticaram repetidamente os projetos de cessar-fogo propostos, argumentando que tais acordos não ajudariam Israel a alcançar seus objetivos militares em Gaza nem garantiriam o retorno seguro dos reféns.

    Nesta segunda-feira (13), Smotrich, conhecido por posições de extrema-direita, disse que um acordo que garanta um cessar-fogo na Faixa de Gaza e facilite a troca de reféns por prisioneiros palestinos seria uma catástrofe para a segurança nacional de Israel.

    "O acordo inicial é uma catástrofe para a segurança nacional do Estado de Israel. Não faremos parte de um acordo de rendição que inclua a libertação de terroristas, o fim da guerra e a desvalorização das conquistas alcançadas com sangue, além da traição a muitos reféns", escreveu Smotrich na plataforma X.

    Ele argumentou que Israel precisa, em vez disso, aumentar a pressão sobre o Hamas, limpar toda a Faixa de Gaza, controlar o fluxo de ajuda humanitária e "abrir os portões do inferno em Gaza até que o Hamas se renda completamente e todos os reféns sejam devolvidos".

    O site de notícias Walla informou na segunda-feira, citando fontes familiarizadas com o assunto, que Israel e os mediadores haviam chegado a um projeto de acordo com o Hamas. A emissora Al Arabiya relatou que o Hamas enviou uma resposta ao projeto sem apresentar objeções.

    Já se passou mais de um ano desde a implementação do primeiro acordo de cessar-fogo em troca de reféns com o Hamas. Desde então, as duas partes realizaram várias rodadas de negociações indiretas sobre o destino dos reféns restantes. As negociações no Cairo, Egito, e em Doha, Catar, se intensificaram nas últimas semanas.

    As Forças de Defesa de Israel lançaram a "Operação Espadas de Ferro" na Faixa de Gaza e impuseram um bloqueio total ao enclave em outubro de 2023.

    O número de mortos na Faixa de Gaza devido aos ataques indiscriminados israelenses ultrapassou 46 mil desde 7 de outubro de 2023, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza.

    Em outubro de 2023, Israel foi alvo de uma operação militar sem precedentes com foguetes lançados da Faixa de Gaza, governada pelo movimento palestino Hamas. Além disso, militantes palestinos invadiram as áreas fronteiriças, abriram fogo contra militares e civis e fizeram reféns. Cerca de 1,200 pessoas foram mortas durante o ataque.

    Mais de 250 pessoas foram capturadas no ataque e levadas para a Faixa de Gaza, de acordo com as autoridades israelenses.

    As ações de Israel foram alvo, em dezembro de 2023, de uma queixa contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), apresentada pela África do Sul. Pretória pediu a adoção de medidas provisórias contra autoridades israelenses diante de ações consideradas genocidas. A África do Sul alegou que os ataques e omissões de Israel na Faixa de Gaza violam obrigações sob a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. Israel alega estar se defendendo de ataques terroristas e contesta a ação. O governo brasileiro declarou apoio ao processo sul-africano.

    Em janeiro de 2024, a CIJ ordenou que Israel tomasse todas as medidas necessárias para prevenir o genocídio na Faixa de Gaza, punisse os defensores do genocídio contra os palestinos e garantisse o fluxo de ajuda humanitária para o povo de Gaza. No entanto, não obrigou Israel a interromper a ofensiva, como havia solicitado a África do Sul na ação judicial. Diversos países, incluindo o Brasil, apoiam o processo contra Israel.

    Em novembro de 2024, a CIJ emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant e lideranças do Hamas, citando crimes de guerra. Tanto Israel quanto o Hamas negam cometer crimes de guerra. (Com informações da Sputnik).

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