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Genocídio em Gaza leva palestinos a amputações em série

Conselheira do Comitê Internacional de Resgate conta o que viu em Gaza: um menino de seis anos sem um pé, uma menina sem os dois pés e “um bebê sem o braço e a perna direita"

Menina palestina que teve membro amputado após ser ferida em ataque israelense (Foto: Reuters/Arafat Barbakh)

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247 - Em uma pequena casa em Gaza, onde o cheiro de pão recém-assado misturava-se com o som ensurdecedor dos combates ao redor, a cena de um cirurgião improvisado salvando a vida de sua sobrinha capturou a essência brutal da guerra. Ahed, uma adolescente gravemente ferida, sangrava na mesa da cozinha quando seu tio, Hani Bseso, um ortopedista de 52 anos, teve que tomar uma decisão desesperada. Sem instrumentos cirúrgicos, anestésicos ou antibióticos, ele usou uma faca de cozinha, tesouras e linha de costura para amputar a perna da jovem.

“Ela estava gravemente ferida”, Bseso recorda, “e sem nenhuma ferramenta, nenhum anestésico, nada, tive que encontrar uma maneira de salvar sua vida”, relata o médico em reportagem do The New York Times, reproduzida pelo jornal O Globo

O genocídio promovido por Israel na Faixa de Gaza já deixou mais de 37 mil mortos e um número ainda maior de feridos no enclave de Gaza, segundo autoridades locais de saúde. Dentre os 85 mil feridos, muitos enfrentam a dura realidade das amputações. A situação em Gaza se agrava ainda mais devido ao colapso do sistema de saúde local. Com hospitais destruídos ou funcionando com escassez severa de suprimentos médicos essenciais, como anestésicos e antibióticos, os médicos são forçados a amputar membros que poderiam ser salvos em outras circunstâncias.

“Não há boas opções lá”, afirmou Ana Jeelani, cirurgiã ortopédica de Liverpool, Inglaterra, que passou duas semanas no Hospital al-Aqsa em março. Ela descreve uma luta constante contra a falta de suprimentos e as condições insalubres que facilitam infecções fatais. “A esterilização completa é impossível. As bandagens acabam, o sangue disponível é insuficiente, e os pacientes ficam em camas sujas – é uma tempestade perfeita para infecções".

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Seema Jilani, conselheira sênior de saúde de emergência para o Comitê Internacional de Resgate, compartilha histórias de horror de suas duas semanas em Gaza. Entre as memórias que ela não consegue apagar está a de um menino de seis anos, coberto de queimaduras e sem um pé, e uma menina sem os dois pés. “Havia um bebê sem o braço e a perna direita, sangrando e necessitando de um dreno torácico que não estava disponível. Ele não recebeu nada para a dor e não havia macas. Um cirurgião ortopédico tentou estancar o sangramento, mas não levou o bebê à sala de operações porque havia casos mais urgentes".

A guerra trouxe um "inferno cheio de cenas de pesadelo", diz Jilani. “Tentei imaginar o que pode ser mais urgente do que um bebê de um ano sem mão, sem perna, sufocando com seu próprio sangue. Isso lhe dá uma ideia da escala dos ferimentos que estamos vendo.”

A UNICEF estimou em novembro que cerca de mil crianças palestinas haviam perdido uma ou ambas as pernas devido aos combates, um número que provavelmente aumentou nos últimos meses.

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