Governo de Portugal enfrenta provável derrota e novo colapso em voto de confiança
O primeiro-ministro Luís Montenegro, que está no cargo há três semanas, apresentou a moção na quinta-feira, após a oposição questionar sua integridade
(Reuters) – O parlamento de Portugal votará nesta terça-feira uma moção de confiança no governo minoritário de centro-direita, que deve ser rejeitada, desencadeando a terceira eleição geral antecipada do país em pouco mais de três anos.
O primeiro-ministro Luís Montenegro, que está no cargo há três semanas, apresentou a moção na quinta-feira, após a oposição questionar sua integridade devido às atividades de uma empresa de consultoria que ele fundou e que agora é administrada por seus filhos.
Montenegro negou qualquer irregularidade ou falta de ética por parte da empresa, que mantém contratos com companhias privadas.
Se a moção for rejeitada, como já anunciaram os dois principais partidos de oposição – os Socialistas, de centro-esquerda, e o Chega, de extrema-direita –, o governo entrará em um período de gestão interina. O presidente Marcelo Rebelo de Sousa deverá decidir se convoca novas eleições após consultar os partidos. Ele já indicou que um novo pleito poderia ocorrer em meados de maio.
Instabilidade persiste e eleitores estão desgastados
Analistas consideram que uma eleição antecipada é praticamente inevitável, mas preveem que nenhuma força política sairá com um mandato forte.
Enquanto isso, o eleitorado já demonstra cansaço e desilusão com os políticos.
"Isso parece uma piada, ninguém entende por que haverá outra eleição tão cedo. Os políticos se culpam mutuamente, mas todos estão sendo irresponsáveis", disse João Brito, um aposentado de 70 anos no centro de Lisboa.
O cientista político Adelino Maltez, da Universidade de Lisboa, apontou que as pesquisas mostram pouca mudança nas preferências dos eleitores desde a eleição de março de 2024, quando a Aliança Democrática (AD), de Montenegro, venceu por apenas 1.500 votos, garantindo 80 assentos no parlamento de 230 cadeiras.
Nas pesquisas atuais, a AD mantém uma pequena vantagem sobre os Socialistas, que agora têm 78 assentos.
"O problema é que a nova eleição não será conclusiva... A AD e os Socialistas estão empatados. Será uma situação difícil de administrar", afirmou Maltez, considerando que um pacto de centro entre os Social-Democratas de Montenegro e os Socialistas seria a única solução viável.
Os dois principais partidos rivais só formaram um acordo semelhante no parlamento uma vez, entre 1983 e 1985.
"Se não fizerem isso, a instabilidade continuará", alertou Maltez, destacando que os programas dos dois partidos são amplamente compatíveis.
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