Governo francês está à beira do colapso após oposição declarar apoio a moção de censura
Extrema-direita e esquerda declararam voto contra o governo após tentativa de aprovar uma lei de segurança social no parlamento sem votação
Por Elizabeth Pineau e Ingrid Melander (Reuters) - O governo francês está praticamente certo de colapsar nesta semana após partidos de extrema-direita e de esquerda anunciarem que votarão a favor de uma moção de censura contra o primeiro-ministro Michel Barnier.
Os investidores reagiram imediatamente, penalizando ações e títulos franceses, enquanto os últimos desdobramentos mergulharam a segunda maior economia da zona do euro em uma crise política ainda mais profunda.
"Os franceses já estão cansados", declarou Marine Le Pen, líder do Reagrupamento Nacional (RN), a jornalistas no parlamento, afirmando que seu partido apresentará sua própria moção de censura e também apoiará qualquer proposta semelhante de outros partidos. A esquerda também planeja apresentar uma moção semelhante.
"Talvez (os eleitores) tenham pensado que com Michel Barnier as coisas melhorariam, mas ficaram ainda piores."
Salvo uma surpresa de última hora, a frágil coalizão de Barnier será o primeiro governo francês a ser derrubado por uma moção de censura desde 1962.
Um colapso do governo deixaria um vazio no coração da Europa, enquanto a Alemanha também se prepara para eleições e semanas antes de Donald Trump reassumir a Casa Branca.
Deputados do RN e da esquerda, juntos, têm votos suficientes para derrubar Barnier. Eles agora têm 24 horas para apresentar suas moções de censura.
As declarações ocorreram após Barnier anunciar, nesta segunda-feira, que tentaria aprovar uma lei de segurança social no parlamento sem votação, após uma concessão de última hora se mostrar insuficiente para garantir o apoio do RN ao projeto.
As ações francesas inverteram o rumo, enquanto o euro sofreu forte desvalorização, e os títulos enfrentaram pressão, aumentando os rendimentos.
'CAOS' - Mathilde Panot, da França Insubmissa, partido de esquerda, declarou: "Diante de mais essa negação da democracia, censuraremos o governo... Estamos vivendo um caos político causado pelo governo de Michel Barnier e pela presidência de Emmanuel Macron."
Barnier pediu aos legisladores que não apoiassem a moção de censura.
"Estamos em um momento de verdade... Os franceses não nos perdoarão por colocar os interesses individuais acima do futuro do país", disse ele, enquanto colocava o destino de seu governo nas mãos de um parlamento dividido, resultado de uma eleição antecipada inconclusiva convocada por Macron em junho.
Desde sua formação, em setembro, o governo minoritário de Barnier dependia do apoio do RN para sobreviver. O projeto de lei orçamentária, que busca conter o crescente déficit público da França com 60 bilhões de euros (US$ 63 bilhões) em aumentos de impostos e cortes de gastos, rompeu esse vínculo tênue.
O círculo de Barnier e o campo de Le Pen culpam um ao outro e afirmam que fizeram todo o possível para chegar a um acordo e estavam abertos ao diálogo.
Uma fonte próxima a Barnier afirmou que o primeiro-ministro fez grandes concessões a Le Pen e que votar para derrubar o governo significaria perder essas conquistas.
"Ela está disposta a sacrificar todas as vitórias que conseguiu?" questionou a fonte próxima a Barnier à Reuters.
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