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    Iniciativa de paz de Brasil e China para a Ucrânia é sincera, mas esbarra em veto de Zelensky, diz Lavrov

    "Ministros da China e o ministro das Relações Exteriores do Brasil realizaram declarações sobre a importância de promover uma nova base para a resolução [do conflito], disse

    Chanceler russo, Sergey Lavrov, participa de reunião do G20 no Rio de Janeiro 21/02/2024 (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)

    Sputnik - Nesta terça-feira (11), o chanceler russo, Sergei Lavrov, comentou as propostas do Brasil para lançar o processo de paz entre Moscou e Ucrânia. As declarações foram realizadas durante o encontro de ministros das Relações Exteriores do BRICS, celebrado na cidade russa de Nizhny Novgorod.

    Lavrov notou que países amigos da Rússia, como Brasil e China, reconhecem a necessidade de negociações para solucionar o conflito ucraniano em formatos que reúnam todas as partes envolvidas no conflito.

    "Ministros da China e o ministro das Relações Exteriores do Brasil realizaram declarações sobre a importância de promover uma nova base para a resolução [do conflito]. Uma base que seja aceitável para ambos os lados", disse Lavrov durante coletiva de imprensa.

    De fato, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, declarou nesta segunda-feira (11) à Sputnik Brasil acreditar que "todos os países [do BRICS] querem o início de conversas completas, que envolvam os dois lados". Segundo o chefe do Itamaraty, "o Brasil está mais do que disposto a defender, promover ou participar de todas as iniciativas que sejam realmente efetivas", nas quais "se possa conversar séria e abertamente sobre essa questão".

    O ministro russo ainda notou o papel de países terceiros no conflito, como EUA e Reino Unido, uma vez que o governo ucraniano não teria autonomia para negociar sem o aval de seus parceiros ocidentais. Lavrov também lembrou o papel de Washington e Londres no boicote às negociações conduzidas entre Rússia e Kiev no primeiro semestre de 2022.

    "Durante as reuniões bilaterais que tivemos com nossos colegas de China e Brasil, valorizamos as iniciativas que, em diferentes momentos, foram colocadas", disse o chanceler russo. "Vemos nessas iniciativas manifestações sinceras de boa vontade e desejo de ajudar a encontrar um caminho para a solução."

    Lavrov citou nominalmente a iniciativa recém-publicada pelo assessor de Relações Internacionais do presidente Lula, Celso Amorim, e pelo chanceler chinês, Wang Yi, que elenca entendimentos comuns sobre a resolução do conflito ucraniano e aponta caminhos para a paz.

    De maneira justa, eles notam a necessidade de observar os motivos iniciais que levaram a essa crise profunda de segurança na região euroasiática e a necessidade de, em primeiro lugar, tratarmos da resolução desses motivos", declarou Lavrov.

    A iniciativa de paz publicada pela China no início deste ano ainda notou o princípio de indivisibilidade da segurança internacional, que estipula a impossibilidade de um país garantir a sua segurança às expensas da segurança dos demais.

    "Aos países que trazem iniciativas sobre negociações, eu pediria que notassem dois aspectos: o primeiro, não esqueçam que, em setembro de 2022, Zelensky assinou um documento proibindo que representantes oficiais ucranianos negociem com o governo Putin", lembrou o chanceler russo.

    O segundo aspecto é a decisão do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia de emitir declaração, em maio deste ano, na qual não reconhece a eleição do presidente da Rússia, Vladimir Putin, tampouco a legitimidade de seu mandato.

    Nos dias 15 e 16 de junho, uma conferência sobre a Ucrânia será realizada na Suíça, sem a presença do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, do presidente da China, Xi Jinping, ou tampouco do presidente dos EUA, Joe Biden.

    Declaração dos ministros do BRICS - As declarações de Lavrov foram feitas um dia após a aprovação da Declaração conjunta dos Ministros dos Negócios Estrangeiros e das Relações Internacionais do BRICS de Nizhny Novgorod, que absorveu diversos pontos centrais para a agenda brasileira no grupo.

    O apoio à reforma no Conselho de Segurança da ONU, reivindicação histórica do Brasil, foi reiterado na declaração do BRICS, confirmando o endosso dos novos membros ao projeto. De acordo com declarações do ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira feitas para a Sputnik Brasil, os membros originais do BRICS já haviam declarado publicamente de forma reiterada seu apoio à essa reforma, e o grupo "deve continuar neste mesmo caminho".

    A declaração de Nizhny Novgorod reitera o apoio do BRICS a uma "reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança". De acordo com o texto, o BRICS defende que o órgão máximo da ONU seja "mais democrático, representativo, eficaz e eficiente", com maior "representação dos países em desenvolvimento".

    Outro ponto levantado pela delegação brasileira foi a coordenação das agendas dos grupos BRICS e G20, que são presididos por Rússia e Brasil, respectivamente. De acordo com o Kremlin, esse tema foi debatido pelos presidentes Putin e Lula, durante conversa telefônica realizada nesta segunda-feira (11).

    De acordo com o governo russo, "as partes manifestaram interesse mútuo em aprofundar ainda mais o desenvolvimento bem-sucedido da parceria estratégica entre a Rússia e o Brasil em todas as áreas principais. Foi acordado, em particular, continuar a cooperação estreita entre os dois países, tendo em conta a presidência da Rússia no BRICS e a presidência do Brasil no G20 neste ano".

    Em Nizhny Novgorod, os ministros do BRICS reafirmaram o papel do G20 como o "principal fórum para a cooperação econômica internacional, que inclui países desenvolvidos e em desenvolvimento em pé de igualdade e mutuamente benéfico, onde as principais economias buscam conjuntamente soluções para os desafios globais para a obtenção de um crescimento econômico global universalmente benéfico e inclusivo".

    O G20 acaba de passar três anos sobre a presidência de países do BRICS – África do Sul, Índia e Brasil, o que consolidou a agenda do desenvolvimento no grupo. Dessa forma, a expectativa do BRICS é de que o G20 "deve continuar a funcionar de maneira produtiva, concentrando-se na entrega de resultados concretos, tomando decisões em consenso".

    Ainda antes de concluir a sua presidência do G20, o Itamaraty já vai dar início aos trabalhos para assumir as rédeas do BRICS. De acordo com a declaração de Nizhny Novgorod, ficará a cargo do Brasil a organização da próxima reunião de ministros das Relações Exteriores do BRICS, a ser realizada às margens da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, no mês de setembro.

    Entre os dias 10 e 11 de junho, os ministros das Relações Exteriores dos países do BRICS se reuniram na cidade russa de Nizhny Novgorod, pela primeira vez no formato estendido do grupo. Nesta terça-feira (11), os chanceleres se reuniram no formato BRICS+, que incluiu países convidados como Bahrein, Bangladesh, Belarus, Cuba, Cazaquistão, Laos, Mauritânia, Sri Lanka, Tailândia, Turquia, Venezuela e Iêmen.

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