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    Jamil Chade envia carta às Nações Unidas: “mentiras de Bolsonaro matam”

    Jornalista escreveu uma carta direcionada ao presidente da ONU denunciando as atrocidades de Bolsonaro

    (Foto: UN Photo/Jean Marc Ferré | REUTERS/Adriano Machado)

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    247-  O jornalista Jamil Chade, correspondente internacional pelo portal UOL, escreveu uma carta publicada no site direcionada ao presidente da ONU, Antônio Guterres, denunciando as atrocidades de Bolsonaro.

    Veja alguns trechos:

    Prezado secretário-geral da ONU, Antônio Guterres,

    Consta que o senhor tem o emprego mais difícil do mundo. Afinal, recai sobre seus ombros a tarefa de buscar a paz mundial, a proteção ambiental, a erradicação da pobreza e a saúde do planeta. Tudo isso sem o poder de um chefe de estado.

    Mas tenho certeza que, quando o senhor leu a descrição do emprego ao qual se candidatava há uns anos, jamais imaginou que um dos aspectos seria lidar com Jair Bolsonaro. Sim, aquele mesmo que lhe deixou esperando nesta semana em Nova York e não apareceu para o encontro que tinha marcado. Aquele que mostrou cloroquina às emas, que negou a crise climática, que usa funerais para fazer campanha eleitoral, que zomba do sofrimento de seus cidadãos, que arma a população, que ataca a imprensa e que diariamente tenta implodir a democracia.

    Escrevo essa carta, portanto, para deixar claro que a fraude não está apenas em sua agenda. Pelo quarto ano consecutivo, Bolsonaro usou a tribuna da instituição que representa o sonho de dias melhores como seu palanque eleitoral particular. Uma espécie de cercadinho globalizado.

    Pior: ele usou o palco mundial para mentir, calotear e falsear. Mas Bolsonaro não faz isso por acaso. Trata-se de uma estratégia de poder. Ele mente de forma institucional, com uma operação sofisticada de disseminação de desinformação e com recursos públicos.

    Ao falar diante do mundo, Bolsonaro arrancou gargalhadas até de diplomatas brasileiros quando mentiu sobre o fato de ter "extirpado a corrupção".

    Mentir, no Brasil, mata.

    Ele ignorou as quase 700 mil mortes no meu país pela covid-19 e afirmou que "não poupou esforços para combater a pandemia". Ele omitiu o desmatamento recorde e apenas disse que ele era "parte da solução para o meio ambiente". E disse que a economia vai bem, sem citar os 33 milhões de famintos no país.

    Diante de um púlpito privilegiado, ele pretendia se apresentar como um visionário. Mas, como diria Friedrich Nietzsche, um visionário mente a si mesmo. Um mentiroso mente aos outros. E Bolsonaro mentiu diante de todos vocês. Sem corar e com tradução simultânea para o árabe, inglês, russo, espanhol, chinês e francês.

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