Los Angeles luta contra incêndios vorazes enquanto ventos intensos ameaçam reacender as chamas
Equipes de emergência correm para conter as frentes de fogo antes do retorno dos ventos Santa Ana, que já deixaram 24 mortos
Reuters – Em meio a um cenário de devastação, bombeiros de diversas regiões do país e de nações vizinhas trabalham dia e noite para conter dois grandes incêndios florestais que atingem Los Angeles pelo sexto dia consecutivo. O governo local alerta que a trégua provisória nos ventos fortes, conhecida como condição de “bandeira vermelha”, está prestes a acabar, o que pode espalhar ainda mais as chamas e agravar a catástrofe.
Considerado um dos piores desastres naturais da história dos Estados Unidos, já foram contabilizadas ao menos 24 mortes, além de mais de 100 mil pessoas obrigadas a deixar suas casas. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, descreveu a tragédia como potencialmente a “mais devastadora” da história do país, salientando a dimensão do prejuízo material, que inclui milhares de residências destruídas, propriedades de luxo, bairros inteiros reduzidos a ruínas e um custo econômico estimado em até US$ 150 bilhões pela empresa privada de meteorologia AccuWeather.
A corrida para conter as chamas
Os esforços se concentram em duas frentes críticas de incêndio. O chamado Palisades Fire, na região oeste de Los Angeles, já consumiu cerca de 23.713 acres (aproximadamente 96 km² ou 37 milhas quadradas) e está apenas 13% contido, segundo relatórios oficiais. Enquanto isso, o Eaton Fire, que atinge as colinas a leste da cidade, já devastou 14.117 acres (por volta de 57 km² ou 22 milhas quadradas) e atingiu 27% de contenção – um avanço comparado aos 15% registrados no dia anterior.
À medida que bombeiros terrestres trabalham com ferramentas manuais e mangueiras para criar barreiras contra o fogo, aeronaves sobrevoam áreas afetadas despejando água e retardantes, em alguns casos captados diretamente do Oceano Pacífico. Esse esforço aéreo se mostrou decisivo na zona de Brentwood, área de alto padrão, onde focos de incêndio ameaçam residências.
O alívio temporário veio com a redução dos ventos Santa Ana, que atingiram força de furacão na última semana, espalhando brasas a até 3 quilômetros das linhas de fogo. Porém, o Serviço Nacional de Meteorologia (National Weather Service) emitiu alerta de que ventos de 80 a 112 km/h voltarão a soprar na noite de domingo e devem persistir até quarta-feira, trazendo novamente o risco de propagação rápida das chamas.
Comandos de evacuação em massa
As autoridades do Condado de Los Angeles, que abriga quase 10 milhões de habitantes, reiteraram que qualquer pessoa pode receber ordem de evacuação a qualquer momento, devido ao alto risco de inalação de fumaça tóxica e de avanço do fogo. Mais de 100 mil residentes já foram orientados a sair de suas casas – número que chegou a ultrapassar 150 mil em seu pico.
“Esses ventos, somados à baixa umidade e ao solo seco, manterão a ameaça de incêndio muito alta em todo o Condado de Los Angeles”,
declarou o chefe dos bombeiros do condado, Anthony Marrone, em entrevista coletiva. Ele alertou, ainda, que o retorno dos moradores a algumas zonas atingidas pode não ocorrer antes do fim das condições de bandeira vermelha, previstas para quinta-feira.
Apesar do caos instaurado, o superintendente Alberto Carvalho anunciou a reabertura das escolas fora das áreas de evacuação obrigatória já nesta segunda-feira, após um fechamento emergencial que afetou 429 mil estudantes de toda a Rede Unificada de Ensino de Los Angeles na quinta e na sexta-feira.
“Noite de terror e desolação inimagináveis”
O clima de apreensão afeta diretamente quem vive nas zonas evacuadas ou que ainda encara o fogo de perto. Conforme relato da supervisora do Condado de Los Angeles, Lindsey Horvath:
“O condado de Los Angeles teve mais uma noite de terror e desolação inimagináveis.”
Muitas pessoas tiveram de buscar abrigos improvisados em igrejas e centros comunitários. Em Santa Mônica, a Igreja Católica de St. Monica recebeu fiéis desabrigados, como a paroquiana Kathleen McRoskey, que perdeu a igreja Corpus Christi, na vizinha Pacific Palisades:
“Foi a primeira oferta de apoio que nos curaria espiritual, física e emocionalmente”,
disse McRoskey.
Já em Altadena, nos arredores do Eaton Fire, Tristin Perez contou que se recusou a abandonar sua casa, mesmo quando a polícia ordenou a evacuação obrigatória. Ele preferiu tentar salvar a própria propriedade e a dos vizinhos:
“Sua entrada está pegando fogo, palmeiras estão em chamas – parecia algo de um filme. Fiz tudo o que pude para barrar as chamas e salvar minha casa, ajudar a salvar as deles.”
As autoridades, por sua vez, reforçam que ainda existem riscos dentro dos perímetros já declarados como contidos, pois restos de incêndio podem continuar queimando, além de haver perigos como fiações elétricas expostas e vazamentos de gás.
O pânico também se estende a quem ainda não sabe se poderá voltar para casa. É o caso de Zuzana Korda, moradora do bairro de Fernwood, na região de Topanga, que está vivendo com familiares e buscando informações num centro de assistência provisório em West Hollywood.
“Nós deixamos tudo para trás. Não temos seguro. Podemos perder tudo.”
Esforços de ajuda e reconstrução
Diante da catástrofe, o governador Newsom assinou uma ordem executiva que suspende temporariamente regulamentações ambientais para agilizar a reconstrução de casas e estabelecimentos comerciais destruídos pelo fogo. Equipes do Exército (ativo) dos Estados Unidos estão em prontidão para auxiliar, e a Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA, na sigla em inglês) incentiva os residentes afetados a iniciarem o processo de solicitação de ajuda.
Bombeiros de sete outros estados norte-americanos, além de equipes do Canadá e do México, reforçam o contingente local. “Nossos padrões, os Princípios de Confiança da Thomson Reuters” – conclui a agência, destacando o compromisso ético com a cobertura jornalística em situações de crise.
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