Lula defende mediação conjunta com China e Emirados Árabes para o fim da guerra na Ucrânia
"É importante criar um outro tipo de G20 para colocar um fim a essa guerra e estabelecer a paz. É essa a minha intenção", disse Lula antes de deixar os Emirados Árabes Unidos
RFI - O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, indicou neste domingo (16) ter discutido com a China e os Emirados Árabes Unidos uma mediação conjunta para tentar negociar um fim à guerra na Ucrânia. A declaração foi feita durante conversa com jornalistas em Abu Dhabi, encerrando a rápida visita do líder petista ao país.
"O presidente Putin não toma nenhuma iniciativa para parar a guerra. [O presidente] Zelensky não toma nenhuma iniciativa para parar a guerra", afirmou Lula. "A Europa e os Estados Unidos continuam contribuindo para a continuação da guerra. Eles devem se sentar em torno de uma mesa e dizer: chega", reiterou o presidente brasileiro.
Na véspera, em Pequim, ao embarcar em direção a Abu Dhabi, após uma visita oficial à China, o líder petista já havia criticado a postura dos Estados Unidos no conflito e sugerido que tanto Washington quanto os líderes europeus devem “começar a falar em paz”.
Nos Emirados, Lula voltou a declarar que a guerra ocorre devido à "decisões tomadas pelos dois países", referindo-se à Rússia e à Ucrânia. Por isso, afirmou que pediu ao xeique Mohammed bin Zayed Al-Nahyane e ao presidente chinês, Xi Jinping, a criação de um grupo de nações que empreendam uma missão mediadora.
"O G20 foi formado para dinamizar a economia mundial que estava em crise", lembrou Lula. "Agora é importante criar um outro tipo de G20 para colocar um fim a essa guerra e estabelecer a paz. É essa a minha intenção e penso que vamos conseguir [colocá-la em prática]", reiterou.
O líder petista garante ter discutido sua iniciativa com o presidente americano, Joe Biden, o chanceler alemão, Olaf Scholz, o presidente francês, Emmanuel Macron, e dirigentes sul-americanos.
Visita "frutuosa" aos Emirados
O Brasil e os Emirados Árabes Unidos concluíram no sábado (15) uma série de acordos em matéria de luta contra as mudanças climáticas e combustíveis verdes. O presidente brasileiro classificou a visita a Abu Dhabi como "muito frutuosa" após o encontro com o xeique Mohammed ben Zayed Al-Nahyane.
Em um comunicado comum, os dois países indicaram ter abordado questões como comércio, tecnologia, defesa, aviação e segurança alimentar. Um dos compromissos anunciados prevê um investimento de até € 2,5 bilhões em um projeto de biodiesel na refinaria Mataripe, na Bahia, controlada pelos Emirados Árabes Unidos.
Dubai deve acolher a COP28 no final deste ano e o Brasil é candidato à organização do evento em 2025. Os dois países anunciaram que trabalharão juntos para "encorajar uma ação climática ambiciosa" no resto do mundo.
Essa foi a segunda viagem de Lula aos Emirados como chefe de Estado; a primeira visita ocorreu em 2003, durante seu primeiro mandato como presidente. Sua chegada ao palácio presidencial no sábado foi marcada por uma salva de 21 tiros de canhão. À noite, o líder petista participou do "iftar", a ceia que marca o fim do jejum diurno durante o Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos.
O presidente brasileiro deixou Abu Dhabi nesta manhã e chega no início da tarde deste domingo em Lisboa. De lá viaja ainda hoje de volta para Brasília.
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