Marine Le Pen pede renúncia de Macron em meio a crise política e moção de censura ao governo Barnier
Líder da extrema direita compara gestão do presidente ao caos econômico e aponta "repúdio popular" como justificativa para saída
247 - A líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, pediu nesta quarta-feira (4) que o presidente Emmanuel Macron avaliasse sua renúncia diante do "repúdio popular" que, segundo ela, cresce contra sua administração. O apelo foi feito no contexto de uma votação crucial no Parlamento francês, onde deputados discutem uma moção de censura que pode destituir o primeiro-ministro Michel Barnier, aprofundando a crise política na França, destaca o jornal O Globo.
"Depende de sua consciência decidir se pode sacrificar a ação pública e o destino da França por seu orgulho. Depende de sua razão aceitar o repúdio popular maciço, que, no caso de Macron, é definitivo", declarou Le Pen. As declarações foram dadas enquanto a Nova Frente Popular (NFP), coalizão de esquerda, se aliava à extrema direita para votar contra o governo Barnier, que pode ser o mais curto da Quinta República Francesa.
Macron rebate e descarta renúncia
O presidente Emmanuel Macron, em visita à Arábia Saudita, respondeu com firmeza às críticas. Ele classificou a possibilidade de renúncia como "ficção política" e afirmou que seguirá cumprindo seu mandato. "Fui eleito duas vezes pelo povo francês e honrarei essa confiança até o último segundo. Temos uma economia forte, um país sólido e instituições estáveis", declarou.
Macron também minimizou o impacto da eventual queda de Barnier, alertando que "não se deve assustar as pessoas com cenários catastróficos". No entanto, a crise reflete o enfraquecimento político do presidente, especialmente após as eleições legislativas antecipadas de junho, que resultaram em um Parlamento fragmentado entre esquerda, centro-direita e extrema direita, sem uma maioria clara.
Crise econômica e impasse político
A insatisfação popular com a gestão de Macron é alimentada por uma série de fatores, incluindo a deterioração da situação econômica do país. A dívida pública francesa alcançou 112% do PIB em junho, com o déficit projetado em 6,1% para 2024. Essas cifras colocam a França em uma posição semelhante à da Grécia no auge de sua crise financeira, aumentando a pressão sobre o governo.
A proposta orçamentária de 2025 foi o estopim para a moção de censura. O plano de Barnier, que buscava reduzir gastos públicos e elevar impostos temporários sobre grandes empresas, enfrentou resistência tanto da esquerda quanto da extrema direita. Concessões como o adiamento da revalorização das aposentadorias não foram suficientes para garantir apoio. "Seu orçamento apenas dá continuidade à desastrosa política de Macron, e isso só poderia terminar em fracasso", afirmou Le Pen em suas redes sociais.
Se a moção de censura for aprovada, Barnier terá o mandato mais curto da história recente da França. Nomeado em agosto, ele enfrentou desde o início a falta de apoio consistente no Parlamento. Sua indicação foi vista como uma tentativa de Macron de estabilizar o cenário político, mas acabou evidenciando a fragilidade de sua base aliada.
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