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Milhares de libaneses dormem ao relento nas ruas de Beirute, após massacre israelense

Na sequência do genocídio em Gaza, Israel agora destrói prédios inteiros na capital libanesa

Libaneses ocupam ruas e praças de Beirute (Foto: AP Photo)

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247 – Milhares de residentes dos subúrbios ao sul de Beirute passaram a noite de sexta-feira, 28 de setembro, dormindo ao relento, em praças públicas e abrigos improvisados, após terem sido ordenados a evacuar suas casas antes que as forças israelenses atacassem uma área controlada pelo Hezbollah. Segundo informações da AFP, os ataques aéreos israelenses tiveram como alvo um quartel-general militar da organização, localizado sob edifícios residenciais no bairro de Dahiyeh, reduto do grupo.

De acordo com fontes militares israelenses, o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e outros membros da cúpula do grupo teriam sido mortos nos bombardeios, mas a organização ainda não confirmou oficialmente a informação.

Os ataques marcaram mais uma escalada no conflito, que tem suas raízes no apoio do Hezbollah ao Hamas, grupo que também mantém confrontos com Israel na Faixa de Gaza. Algumas horas após o início dos bombardeios, o exército israelense solicitou a evacuação de mais prédios na região, alegando que o Hezbollah possuía armazéns de mísseis avançados escondidos no local.

"Eu esperava que a guerra se intensificasse, mas pensei que seria limitada a alvos militares, não às casas de civis e crianças", disse Rihab Naseef, 56 anos, moradora do sul de Beirute, que passou a noite em um pátio de igreja. Como muitos outros, Naseef fugiu de sua casa às pressas, sem sequer levar roupas. "Nunca imaginei que deixaríamos tudo assim, tão de repente, e nos encontraríamos nas ruas", desabafou.

Fotógrafos da AFP testemunharam famílias inteiras passando a noite ao ar livre, uma cena inédita em Beirute desde a última guerra entre Israel e Hezbollah, em 2006. Milhares de outros moradores optaram por fugir da cidade.

O centro de Beirute, inclusive a Praça dos Mártires, principal espaço público da cidade, ficou lotado de famílias exaustas e preocupadas, acampadas à vista de todos. Hala Ezzedine, de 55 anos, contou que fugiu do bairro de Burj al-Barajneh, em Dahiyeh, onde os bombardeios ocorreram. "A bomba intensificou à noite, e nossa casa começou a tremer", relatou, visivelmente abalada. "O que o povo libanês fez para merecer isso?" Ezzedine lamentou que sua casa já havia sido destruída em 2006. "Eles [Hezbollah] querem a guerra, mas o que fizemos de errado?", questionou, em meio ao caos.

Os danos na cidade ainda não foram completamente avaliados, mas imagens transmitidas pela Al-Manar, televisão ligada ao Hezbollah, mostraram edifícios destruídos, ruas cobertas de escombros e colunas de fumaça pairando sobre Dahiyeh. "Estou ansiosa e com medo do que pode acontecer. Saí de casa sem saber para onde estou indo, o que acontecerá comigo, e se poderei voltar", afirmou Naseef.

Hezbollah e Israel têm trocado ataques desde outubro de 2024, após o massacre realizado pelo Hamas em território israelense, que deixou 1.200 mortos e 251 reféns. Para muitos libaneses, a perspectiva de mais uma guerra prolongada gera um clima de desespero, com muitos questionando se o país conseguirá suportar mais uma devastação tão profunda. Ao final de mais uma noite de terror, a incerteza ainda reina.

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