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Morre bebê resgatada do útero da mãe morta após bombardeio israelense em Gaza

Al-Sakani estava grávida de 30 semanas quando foi ferida por um ataque aéreo que atingiu a casa de sua família em Rafah, no sul de Gaza, na noite do último sábado (20)

Casas danificadas no bairro de Zeitoun, em Gaza (Foto: Reuters/Hossam Azam)

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Reuters - Uma bebê que foi retirada do útero de sua mãe após um ataque de Israel na Faixa de Gaza morreu com apenas alguns dias de vida, afirmou nesta sexta-feira (26) o médico que estava cuidando dela.

Nomeada de Rouh, que significa alma, ela havia nascido por meio de uma cesariana de emergência depois que sua mãe, Sabreen Al-Sakani, foi gravemente ferida por um ataque aéreo que atingiu a casa de sua família em Rafah, a cidade mais ao sul de Gaza, na noite do último sábado (20).

Al-Sakani estava grávida de 30 semanas e foi levada às pressas para o hospital Emirati, mas morreu em decorrência de seus ferimentos, assim como seu marido, Shukri, e sua filha de três anos, Malak, que foi quem escolheu o nome da irmã. "Ela estava feliz que sua irmã estava vindo ao mundo", disse Rami Al-Sheikh, um parente da família, quando Rouh nasceu.

A bebê tinha 1,4 kg e foi colocada em uma incubadora ao lado de outro bebê. "A bebê da mártir Sabreen Al-Sakani", lia-se em uma fita em seu peito. Ela ficaria no hospital por três a quatro semanas, segundo Mohammad Salama, chefe da unidade neonatal de emergência do Hospital Emirati.

"Depois disso, veremos sobre ela sair e para onde essa criança irá, para a família, para a tia ou tio ou avós. Aqui está a maior tragédia. Mesmo que essa criança sobreviva, ela nasceu órfã", afirmou ele na semana passada.

No entanto, a bebê teve problemas respiratórios, segundo o profissional. Ela morreu na quinta-feira (25). "Eu e outros médicos tentamos salvá-la, mas ela morreu. Para mim pessoalmente, foi um dia muito difícil e doloroso", disse ele à agência de notícias Reuters por telefone. "Ela se juntou à sua família como mártir."

"A avó pediu a mim e aos outros médicos para cuidarmos da bebê, porque ela seria alguém que manteria viva a memória de sua mãe, seu pai e sua irmã. Mas foi a vontade de Deus que ela morresse", completou Salama.

O ataque daquela noite atingiu duas casas e deixou pelo menos 19 pessoas mortas, disseram autoridades de saúde palestinas na ocasião. As vítimas incluiriam 13 crianças de uma mesma família e duas mulheres.

Questionado sobre as mortes na semana passada, um porta-voz militar israelense disse à Reuters que vários alvos haviam sido atingidos em Gaza, incluindo complexos militares, postos de lançamento e pessoas armadas.

"Você viu um homem em todos aqueles mortos?" disse na ocasião Saqr Abdel Aal, um homem palestino cuja família estava entre os mortos, enquanto lamentava sobre o corpo de uma criança em um lençol branco. "Todos são mulheres e crianças. Minha identidade inteira foi apagada com minha esposa e meus filhos."

Mais de 34 mil palestinos foram mortos e outros 77 mil ficaram feridos em seis meses de guerra, muitos deles mulheres e crianças, de acordo com o ministério da saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Gaza está devastada pelos bombardeios israelenses e os poucos hospitais da região que ainda funcionam enfrentam falta de eletricidade, equipamentos de esterilização, medicamentos e outros suprimentos devido aos bloqueios de Tel Aviv.

A remoção dos cerca de 37 milhões de toneladas de escombros no território palestino, incluindo munições não detonadas, poderia demorar 14 anos, afirmou Pehr Lodhammar, gerente sênio da UNMAS, agência da ONU para retirada de minas, nesta sexta.

"Sabemos que geralmente há uma taxa de falha de pelo menos 10% de munições terrestres que são disparadas e não funcionam", disse ele. "Estamos falando de 14 anos de trabalho com 100 caminhões."

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