Na ONU, Bolsonaro critica sanções pela guerra na Ucrânia: "retrocesso"
"Nos colocam na contramão dos objetivos do desenvolvimento sustentável", afirmou o brasileiro, que também utilizou o discurso para fazer campanha eleitoral
247 - Mais uma vez, Jair Bolsonaro (PL) usou um compromisso oficial para fazer campanha eleitoral, agora durante discurso de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece nesta terça-feira (20) em Nova York, Estados Unidos.
O ocupante do Palácio do Planalto utilizou a ocasião para fazer discurso de campanha e atacar - com mentiras - o líder em todas as pesquisas eleitorais, o ex-presidente Lula (PT).
Bolsonaro mentiu ao dizer que seu governo pôs fim ao que chamou de "corrupção sistêmica" e, sem citar Lula, disse que o ex-presidente foi condenado por corrupção, mas não disse que o petista foi condenado em um processo viciado por um juiz parcial e suspeito, o que foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pela Comissão de Direitos Humanos da própria ONU.
"O Brasil vem implementando reformas para atração de investimentos e melhorias das condições de vida de sua população. No meu governo extirpamos a corrupção sistêmica que existia no país. Somente entre o período de 2003 e 2015, o endividamento da Petrobrás, por má gestão, loteamento político e desvios, chegou à casa dos US$ 170 bilhões de dólares. O responsável por isso foi condenado em três instâncias por unanimidade. Delatores devolveram US$ 1,5 bilhão de dólares e pagamos para a bolsa americana outro milhão, por perda de seus acionistas", declarou.
Bolsonaro também falou sobre a pandemia de Covid-19 e tentou passar a imagem de um governo que não existiu, que teria incentivado a vacinação da população. Bolsonaro atacou sistematicamente os imunizantes e desincentivou a vacinação. Não se sabe, por exemplo, até hoje se ele próprio se vacinou ou não. "Durante a pandemia de Covid-19, não poupou esforços para salvar vidas e preservar empregos. Como tantos outros países, concentramos nossa atenção em dar auxílio financeiro aos mais necessitados. Beneficiamos mais de 68 milhões de pessoas, o equivalente a um terço da nossa população. Em paralelo, lançamos um programa de imunização, inclusive com produção doméstica de vacinas. Já temos mais de 80% da população vacinada contra a Covid-19. Todos foram vacinados de forma voluntária".
Bolsonaro ainda falou sobre a queda no preço dos combustíveis, fez acenos ao agronegócio, criticou a imprensa brasileira e citou os indígenas como um dos pontos de atenção de seu governo, o que não é verdade. Ele também defendeu as políticas ambientais de seu governo. Ele ainda se disse contra a "ideologia de gênero" e o "aborto".
Bolsonaro defendeu também uma reforma da ONU como necessidade para a concretização da paz.
Guerra na Ucrânia
Sobre a guerra na Ucrânia, ele declarou: "o Brasil tem se pautado pelos princípios do direito internacional e da carta da ONU, que estão consagrados também em nossa Constituição. Defendemos um cessar fogo imediato, a proteção de civis e não combatentes, a preservação da infraestrutura crítica para assistência à população e a manutenção de todos os canais de diálogo entre as partes em conflito". O brasileiro também criticou as sanções: "nos colocam na contramão dos objetivos do desenvolvimento sustentável. Países que se apresentavam como líderes da economia de baixo carbono agora passaram a usar fontes sujas de energia. Isso configura um grave retrocesso para o meio ambiente. Não acreditamos que o melhor caminho seja a adoção de sanções unilaterais".
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