Novo governo sírio destaca relação estratégica com a Rússia e cobra reparos por 'erros do passado'
A visita de uma delegação de alto escalão do Kremlin a Damasco marcou a primeira interação direta entre os dois governos desde a queda de Assad
247 - O governo de transição da Síria, liderado por Ahmed al-Sharaa, deu um passo no sentido de estreitar os laços com a Rússia ao mesmo tempo em que cobou uma revisão das ações de Moscou durante os últimos dez anos do período que correspondeu à liderança de Bashar al-Assad. A visita de uma delegação de alto escalão do Kremlin a Damasco marcou a primeira interação direta entre os dois governos desde a queda de Assad, em dezembro de 2024.
Durante o encontro, Sharaa pediu à Rússia que enfrentasse as consequências de suas ações no país, incluindo "compensações e medidas concretas para reconstrução e recuperação". Segundo a agência estatal Sana, a reunião com o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Mikhail Bogdanov, abordou também a reconstrução da infraestrutura econômica e o papel da Rússia na estabilização política do país.
Em declaração à TV Al Arabiya, Sharaa destacou a importância da Rússia como aliada estratégica, sublinhando que "todas as armas da Síria são de origem russa, e muitas plantas de energia dependem de especialistas russos". Ele reiterou que não deseja que Moscou abandone a relação com a Síria de forma que "comprometa os laços profundos entre os dois países".
Reparações e reconstrução - A intervenção militar russa no conflito sírio, iniciada em 2015, desempenhou um papel decisivo na manutenção de Assad até sua queda.
Com a transição de poder, a Síria agora busca abrir um novo capítulo em sua relação com Moscou. Durante a visita, o Kremlin expressou "apoio inabalável à unidade da Síria" e manifestou disposição para auxiliar na reconstrução pós-guerra. Contudo, quando questionado sobre pedidos de extradição de Assad e pagamentos de reparos, o porta-voz Dmitry Peskov evitou comentar diretamente, afirmando apenas que "o diálogo com as autoridades sírias continuará".
Bases russas e estratégia no Mediterrâneo - Apesar da retirada progressiva de tropas russas das bases militares em Hmeimim e Tartous, localizadas na costa mediterrânea da Síria, analistas apontam que Moscou busca manter sua influência estratégica na região. Imagens de satélite recentes mostram navios de guerra atracados em Tartous, indicando que o processo de desmobilização ainda está em curso.
Sharaa enfatizou a necessidade de reconstrução das instituições militares e de segurança, salientando que a estabilidade interna depende de uma colaboração eficaz com seus aliados. “Temos uma tarefa pesada e uma grande responsabilidade. Precisamos preencher o vazio de poder de maneira legítima e legal”, afirmou em um evento realizado em Damasco.
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