OpenAI alerta governo dos EUA sobre avanço da DeepSeek e pede menos regulação para manter liderança

247 - A OpenAI enviou uma carta ao governo dos Estados Unidos alertando sobre a ascensão da DeepSeek, sua concorrente chinesa, e pedindo políticas que aliviem regulações para que as empresas americanas consigam manter sua liderança no setor. As informações são do Business Insider.

A empresa alertou que, embora os EUA ainda liderem o desenvolvimento de inteligência artificial, essa vantagem é pequena e está diminuindo. "Enquanto a América mantém uma liderança na IA hoje, a DeepSeek mostra que nossa vantagem não é ampla e está se estreitando", escreveu Chris Lehane, vice-presidente de assuntos globais da OpenAI.

A DeepSeek, fundada em 2023 pelo empresário chinês Liang Wenfeng, ganhou notoriedade ao lançar, em janeiro deste ano, seu modelo de IA R1, que promete um desempenho semelhante ao de concorrentes como o GPT-4, mas com uma fração do custo e do poder de processamento.

Esse avanço acendeu um alerta na OpenAI, que argumenta que a DeepSeek representa um "risco significativo" para a segurança americana, principalmente pelo fato de poder ser controlada pelo governo chinês. O documento também aponta que o modelo da DeepSeek estaria mais propenso a fornecer respostas para atividades ilícitas, como fraude de identidade e roubo de propriedade intelectual.

A OpenAI também destacou que governos estrangeiros já começaram a restringir o uso da IA chinesa. A Marinha dos EUA emitiu um alerta para que seus membros não utilizem a DeepSeek, enquanto Taiwan proibiu seu uso em agências governamentais em fevereiro, citando preocupações com a segurança de dados.

Lehane reforça que a IA chinesa pode ser utilizada como uma ferramenta geopolítica dentro da iniciativa das rotas das seda, projeto em que Pequim investiu mais de US$ 1 trilhão em infraestrutura global. Segundo ele, ao oferecer acesso barato à DeepSeek para países que precisam de tecnologia de IA, a China pode fortalecer sua influência econômica e política no mundo.

Menos regulação e mais flexibilidade para empresas americanas

Além das críticas à DeepSeek, a OpenAI sugeriu políticas para reforçar a liderança dos EUA na corrida da IA. A carta foi enviada em resposta a uma consulta pública feita pelo governo americano em fevereiro e propõe medidas "baseadas na liberdade" para aliviar o peso da regulação sobre desenvolvedores americanos.

Entre as propostas está a flexibilização das leis de direitos autorais, permitindo que modelos de IA sejam treinados com conteúdo protegido sem restrições severas. A OpenAI argumenta que regras rigorosas podem desacelerar a inovação e prejudicar a competitividade americana.

"O governo federal pode, ao mesmo tempo, garantir a liberdade dos americanos para aprender com a IA e evitar que percamos nossa liderança para a China ao preservar a capacidade dos modelos americanos de aprender com materiais protegidos por direitos autorais", defende Lehane.

A empresa também sugeriu uma estratégia regulatória mais amigável, aliviando empresas de IA de restrições estaduais consideradas "excessivamente onerosas". O argumento é de que a regulação pode frear o desenvolvimento tecnológico dos EUA e beneficiar rivais que operam em mercados menos regulamentados, como a China.

A OpenAI, assim como outras big techs, tem sido criticada por utilizar conteúdo protegido para treinar seus modelos sem consentimento. O New York Times, entre outras publicações, processou a empresa alegando violação de direitos autorais.

Concorrência chinesa desafia a produtividade das big techs dos EUA

A ascensão da DeepSeek reforça um padrão observado na corrida tecnológica: empresas chinesas vêm conseguindo avanços expressivos com investimentos significativamente menores do que os de suas concorrentes americanas.

Enquanto big techs dos EUA operam com orçamentos e estrutura de hardware robustos, startups chinesas como a DeepSeek demonstram capacidade de desenvolver modelos competitivos com custos reduzidos e menor demanda computacional.

Esse cenário expõe um problema crônico das empresas de IA americanas: uma produtividade inferior à de seus rivais asiáticos. Se, por um lado, os EUA possuem as mais inovadoras empresas do setor, por outro, o modelo chinês de desenvolvimento de IA tem demonstrado maior eficiência em termos de custo-benefício.