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    "Pandemia acentua a fome no mundo", diz José Graziano, ex-diretor da FAO

    "Quando o mundo se pôs de acordo de que era preciso acabar com a fome, ela começou a crescer", afirma à TV 247 José Graziano da Silva, que combateu a fome no mundo ao comandar o braço da ONU para agricultura e alimentação

    José Graziano (Foto: Brasil 247)
    Guilherme Levorato avatar
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    247 - Depois de ajudar a colocar de pé o programa Fome Zero, no início do governo Lula, José Graziano da Silva tornou-se diretor-geral das Nações Unidas Para Alimentação e Agricultura (FAO), posição que ocupou por dois mandatos, entre 2012 e 2019, tornando-se uma das principais autoridades internacionais sobre o assunto.

    Após estudar avanços e retrocessos na América Latina, na África, em determinadas regiões da Ásia, Graziano explica que a  fome está crescendo "no mundo inteiro, devido, basicamente, a desigualdade social, ao aumento da concentração de renda, da miséria, da pobreza. E a pandemia acentua isso", acrescenta. Ela "tem o mérito de mostrar nossas debilidades".

    Lembrando que a fome produz um número muito maior de vítimas do que o coronavírus ("750 milhões de pessoas vão dormir com fome todos os dias", diz) Graziano observa que hoje a principal causa deste flagelo não se encontra na natureza nem na falta de conhecimento acumulado para se produzir comida na quantidade necessária.   

    "Nós produzimos mais do que o suficiente para alimentar o mundo inteiro mas  jogamos fora mais de um terço do que é produzido", afirma, lembrando que a má distribuição de renda impede centenas de milhões de pessoas tenham acesso a uma alimentação capaz de assegurar uma dieta necessária a sobrevivência. O alimento existe, explica, mas "as pessoas não tem dinheiro para comprá-lo".

    Admirador confesso da dieta japonesa, pelo emprego de alimentos frescos e variados, Graziano aponta um agravante na maioria dos países. "Junto com as pessoas que passam fome, há as pessoas que se alimentam mal. É  um quadro mais grave ainda. Temos 1 bilhão, 250 milhões de pessoas, que se alimentam mal", alerta, referindo-se a um excesso de produtos processados, que leva a falta de vitaminas e estimula um dos grandes males da vida atual, a obesidade.

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