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      Políticos alemães exigem sanções contra Brasil para conter desmatamento

      Verdes e liberais pedem que Berlim rejeite acordo com Mercosul, mas governo Merkel hesita apoiar rompimento. "A humanidade não pode mais arcar com a destruição total da Floresta Amazônica e o desrespeito aos direitos dos povos indígenas, em face da catástrofe climática", diz Christoph Hoffmann, do Partido Liberal-Democrático (FDP)

      Marcio Damasceno, DW Brasil - As queimadas na Amazônia levaram dois dos principais partidos de  oposição na Alemanha a pedirem que Berlim imponha sanções contra o  governo brasileiro e rejeite o acordo de livre comércio entre União  Europeia e Mercosul. Reivindicações vêm tanto de parlamentares liberais  de centro-direita como de ambientalistas.

      "A Alemanha e a Europa  não podem assistir indiferentes. Têm que parar o acordo com o Mercosul  para aumentar, dessa forma, a pressão sobre o Brasil", disse nesta  sexta-feira (23/08) à imprensa alemã o copresidente do Partido Verde,  Robert Habeck. "O acordo só incentiva ainda mais a espiral de destruição  da Amazônia. Por isso, instamos o governo a não assinar o novo acordo  comercial com o Brasil."

      "No Brasil, está ocorrendo uma catástrofe  mundial. O que está em jogo é o futuro da humanidade", complementou o  político, cujo partido aparece tecnicamente empatado com a CDU, a  legenda da chanceler federal Angela Merkel, em pesquisas de opinião para  as próximas eleições parlamentares e tem chances de conquistar a  liderança do próximo governo..

      A reivindicação é corroborada pelo  líder da bancada parlamentar do Partido Verde Anton Hofreiter. "A  chanceler alemã tem que tomar providências para assegurar que não venha a  ser fechado o acordo de livre comércio com o Mercosul, que a UE quer  fechar com o Brasil, entre outros, e que acelerará ainda mais o enorme  desmatamento da Amazônia", afirmou, em comunicado divulgado nesta  quinta-feira.

      Já o especialista em política de desenvolvimento do Partido Liberal-Democrático (FDP), Christoph Hoffmann, pede que a Alemanha não só tome providências na área de comércio, como também que  congele toda a verba de ajuda ao desenvolvimento dedicada ao Brasil. "A  Alemanha deve parar sua cooperação com o Brasil – imediatamente",  afirma, em nota enviada à DW Brasil.

      O conservador liberal FDP é a  quarta maior força do Parlamento alemão e já participou de diversas  coalizões de governo da Alemanha nas últimas décadas. O partido de  centro-direita também é um forte defensor do livre-comércio e da  não-intervenção do Estado na economia e nos costumes.

      "A humanidade não pode mais arcar com a destruição total da Floresta  Amazônica e o desrespeito aos direitos dos povos indígenas, em face da  catástrofe climática", argumenta. "A UE precisa definir o caminho de  barreiras à importação de produtos agrícolas, como soja e carne bovina,  que são produzidos através da destruição da floresta tropical."

      "Há  mais de 50 anos, a cooperação alemã para o desenvolvimento tenta  impedir o desmatamento da Amazônia, transferindo mais de 600 milhões de  euros. Em vista da dramática destruição da floresta no Brasil, isso é um  desperdício de dinheiro de impostos", complementa o parlamentar.

      O acordo entre a União Europeia e o Mercosul é motivo de críticas  também entre os outras legendas da oposição alemã. O partido A Esquerda  pede que o tratado seja recusado por causa, entre outras coisas, da  política ambiental e agrícola do governo Bolsonaro.

      Já a  Alternativa pela Alemanha (AfD), de extrema direita e maior partido de  oposição no Bundestag, defende há semanas a rejeição ao pacto entre os  blocos europeu e sul-americano. O argumento usado pela legenda  nacionalista, entretanto, é a proteção aos interesses dos agricultores  alemães.

      Governo Merkel não endossa rompimento

      Mais  comedido, o ministro do Desenvolvimento Internacional, Gerd Müller, que  é filiado à CSU, o braço bávaro do partido da chanceler Merkel,  advertiu na sexta-feira sobre reações precipitadas da Alemanha em  relação ao Brasil. “Nós não vamos salvar a floresta se queimarmos as  pontes com o Brasil e desistirmos do Fundo Amazônia”, disse, em  referência ao fundo de proteção da floresta que conta com verbas da  Alemanha. “Ir embora não ajuda ninguém, nem os povos indígenas, nem a  floresta, nem a defesa climática.”

      Um porta-voz da chancelaria  também expressou a posição mais comedida do governo Merkel, afirmando  que engavetar o acordo com o Mercosul "não é a resposta adequada".

      "Falhar  em concluir o acordo com o Mercosul não vai contribuir para reduzir a  destruição da floresta no Brasil”, disse o porta-voz. "A magnitude do  fogo é alarmante e estamos prontos em ajudar o Brasil a superar essa  crise séria", completou.

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