Presidente do Irã alerta sobre consequências "irreversíveis" de uma guerra regional mais ampla
"Queremos viver em paz, não queremos guerra, é Israel que busca criar esse conflito total”, diz presidente persa
Reuters - Israel quer arrastar o Oriente Médio para uma guerra total, provocando o Irã a se juntar ao conflito de quase um ano entre Israel e o Hezbollah, no Líbano, disse o presidente iraniano na segunda-feira (23), alertando sobre suas consequências "irreversíveis".
Masoud Pezeshkian, falando a um grupo de jornalistas após sua chegada a Nova York para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas, disse: "Não queremos ser a causa da instabilidade no Oriente Médio, pois suas consequências seriam irreversíveis"
"Queremos viver em paz, não queremos guerra", ele acrescentou. "É Israel que busca criar esse conflito total."
Pezeshkian acusou a comunidade internacional de silêncio diante do que ele chamou de "genocídio de Israel" em Gaza.
O apelo de Pezeshkian para resolver o conflito no Oriente Médio por meio do diálogo ocorreu depois que Israel desencadeou uma intensa onda de ataques aéreos contra o Hezbollah na segunda-feira, tornando-se o dia mais mortal no Líbano em quase um ano de conflito entre Israel e o grupo apoiado por Teerã.
"Defenderemos qualquer grupo que esteja defendendo seus direitos e a si mesmo", disse Pezeshkian, quando perguntado se o Irã entrará no conflito entre Israel e o Hezbollah. Ele não deu mais detalhes.
O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, também em Nova York, descreveu a situação como quase uma guerra total. Ele pediu aos líderes mundiais que fizessem tudo o que pudessem para pará-la, acrescentando: "Aqui em Nova York é o momento de fazer isso."
Dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas de cidades e vilas em ambos os lados da fronteira por trocas de tiros quase diárias entre as forças israelenses e o Hezbollah.
O Hezbollah diz que quer evitar um conflito total, e que apenas o fim da guerra em Gaza interromperá a luta. Os esforços de cessar-fogo em Gaza estão em um impasse após meses de negociações vacilantes mediadas pelo Catar, Egito e Estados Unidos.
A política regional do Irã é definida pela Guarda Revolucionária de elite, que responde apenas ao Líder Supremo Aiatolá Ali Khamenei, a maior autoridade do país.
Pezeshkian tem afirmado repetidamente a posição anti-Israel do Irã e seu apoio aos movimentos de resistência na região desde que assumiu o cargo no mês passado.
Questionado se o Irã retaliaria pelo assassinato do líder do grupo militante palestino Hamas, Ismail Haniyeh, em seu território no final de julho, Pezeshkian disse: "Responderemos no momento e local apropriados, de maneira apropriada".
O assassinato de Haniyeh, que tanto Teerã quanto o Hamas atribuíram a Israel, despertou temores de conflito direto entre Teerã e seu arqui-inimigo Israel em uma região abalada pela guerra de Israel em Gaza e pelo agravamento do conflito no Líbano.
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