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      Primeiro-ministro da Groenlândia denuncia pressão agressiva dos EUA

      Mute Egede critica visita de delegação ligada a Trump como tentativa de “tomar o país por cima das nossas cabeças”

      Groenlândia (Foto: Reuters)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute B. Egede, fez duras críticas ao governo dos Estados Unidos após o anúncio de uma visita da segunda-dama americana, Usha Vance, acompanhada por altos membros da administração do ex-presidente Donald Trump, prevista para esta quinta-feira (27). A reportagem é do jornal groenlandês Sermitsiaq, que publicou a entrevista exclusiva com Egede no domingo (23), que foi reproduzida pelo portal RT.

      Segundo o premiê, a viagem — que deve incluir o conselheiro de segurança nacional, Michael Waltz, e o secretário de energia, Chris Wright — representa uma “pressão americana muito agressiva” e um esforço deliberado para “tomar nosso país por cima das nossas cabeças”. Egede também afirmou que países aliados, especialmente do Ocidente, têm se mostrado tímidos diante do avanço dos interesses geopolíticos dos EUA sobre a ilha autônoma, vinculada formalmente à Dinamarca.

       “Nossos aliados na comunidade internacional parecem querer se esconder num canto e sussurrar seu apoio, o que não surte nenhum efeito”, declarou o líder groenlandês ao Sermitsiaq.

      A visita da comitiva americana acontece em um momento delicado para a política local. O líder do partido Demokraatit, Jens-Frederik Nielsen, cuja legenda venceu as recentes eleições parlamentares, considerou a escolha do momento da viagem como “um gesto de desrespeito”, já que coincidirá com as negociações para a formação de um novo governo de coalizão.

      A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, também se manifestou sobre o episódio, afirmando que seu governo vê a visita sob o prisma das reivindicações territoriais feitas pela administração Trump. Ela destacou que qualquer cooperação com os EUA precisa respeitar as regras fundamentais de soberania.

      De acordo com o comunicado do gabinete da segunda-dama, Usha Vance viajará à Groenlândia com seu filho e uma delegação oficial para “explorar locais históricos e assistir a uma tradicional corrida de cães”, exaltando o objetivo de celebrar a cultura e a unidade groenlandesas. No entanto, membros da equipe de Trump manterão uma agenda paralela, incluindo uma visita à Base Espacial Pituffik, operada pelo Pentágono.

      A iniciativa se insere em uma estratégia mais ampla dos EUA de reforçar sua presença no Ártico, tanto pelo valor geopolítico da região quanto pelas potenciais reservas naturais existentes no território groenlandês. Nos últimos meses, autoridades ligadas à campanha de Trump vêm questionando publicamente a soberania de países como Canadá, Dinamarca e Panamá, sob a justificativa de que os interesses nacionais dos EUA justificam maior controle territorial.

      Em fevereiro, o próprio vice-presidente J.D. Vance afirmou que “Copenhague não está fazendo seu trabalho” e que “não tem sido um bom aliado” dos Estados Unidos. Em relação à Groenlândia, foi ainda mais direto:

       “Se os interesses americanos exigirem um maior envolvimento territorial na Groenlândia, é isso que o presidente Trump vai fazer, porque ele não se importa com o que os europeus gritam para nós.”

      A declaração alimenta preocupações sobre uma escalada de tensões diplomáticas em meio ao avanço do discurso soberanista da campanha republicana nos Estados Unidos, que volta a colocar territórios estratégicos sob a mira da Casa Branca.

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