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    Quem é Francois Bayrou, novo primeiro-ministro da França

    Escolha de Macron gera divisões e incertezas sobre o futuro político do país

    François Bayrou em Paris 23/8/2024 REUTERS/Abdul Saboor (Foto: Abdul Saboor)

    247 - Após dias de impasse político, o presidente francês Emmanuel Macron nomeou Francois Bayrou, líder do partido Movimento Democrático (MoDem), como novo primeiro-ministro da França. A decisão veio após a renúncia de Michel Barnier, que perdeu um voto de confiança no Parlamento na semana passada.

    Segundo a agência Al Jazeera, Bayrou, 73, é uma figura veterana da política francesa, conhecido por seu estilo centrista e conciliador. Sua nomeação ocorre em um momento delicado, marcado pela polarização política e pela ausência de uma maioria parlamentar clara. O governo de Barnier, formado após eleições antecipadas em junho e julho, foi derrubado por 331 votos contra, vindos de parlamentares de esquerda e direita.

    Quem é Francois Bayrou? - Bayrou é frequentemente descrito como o “terceiro homem” da política francesa, um apelido que remonta à eleição presidencial de 2007, quando ele tentou se posicionar como uma alternativa entre esquerda e direita. Atualmente, ele ocupa o cargo de alto comissário de planejamento do governo francês e é prefeito de Pau, no sudoeste do país.

    Com raízes em uma família de fazendeiros, Bayrou começou sua carreira como professor de latim e grego antes de ingressar na política nos anos 1980. Ele serviu como ministro da Educação nos governos de Edouard Balladur e Alain Juppé e já foi membro do Parlamento Europeu. Apesar de várias tentativas frustradas de se eleger presidente, ele consolidou sua relevância política ao apoiar Macron em 2017.

    Desafios à frente - Bayrou enfrenta agora a difícil tarefa de aprovar o orçamento de 2025, um dos principais motivos que levaram à queda de seu antecessor. O déficit público da França é de 6,1% do PIB, bem acima do limite de 3% estipulado pela União Europeia. Além disso, ele terá de lidar com demandas conflitantes: enquanto a extrema-direita quer aumento das pensões e reversão de cortes em reembolsos médicos, a esquerda exige a revogação da controversa reforma da previdência.

    Jacob Ross, especialista em política francesa, destaca que Bayrou é “um político independente e defensor do consenso”, o que pode ser uma vantagem. No entanto, Amine Snoussi, consultor parlamentar, alerta para uma possível aliança oculta entre centristas e extrema-direita, caso Macron continue ignorando a maioria parlamentar de esquerda.

    Reação da oposição - A nomeação de Bayrou foi recebida com forte resistência. Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional, criticou a decisão, classificando-a como uma extensão do “macronismo”, que, segundo ela, foi “rejeitado duas vezes nas urnas”. Líderes da esquerda também expressaram indignação. Mathilde Panot, do partido França Insubmissa, anunciou um novo voto de censura, enquanto Marine Tondelier, dos ecologistas, chamou a nomeação de “teatro político barato”.

    Um governo estável é possível? - Analistas estão divididos sobre a sobrevivência do novo governo. Para Gesine Weber, pesquisadora do German Marshall Fund, a França enfrenta uma nova realidade política, na qual nenhum partido detém maioria absoluta, obrigando alianças temporárias e negociações constantes.

    Jonathan Machler, do Partido Comunista Francês, acredita que Bayrou representa a continuidade das políticas impopulares de Macron, o que agravará a crise. Já Ross argumenta que a experiência de Bayrou em construir coalizões pode ajudá-lo a evitar novas eleições antecipadas.

    Com desafios fiscais, uma oposição feroz e um cenário político fragmentado, o futuro do governo Bayrou permanece incerto. Como ele mesmo declarou: “Todos sabem que a estrada será longa".

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