Reunião no Conselho de Segurança da ONU sobre Gaza termina sem acordo
Conversas continuarão, agora de modo informal, para a costura de um documento que reflita uma posição de acordo de todos os membros
247 - A reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas realizada nesta sexta-feira, 13 de outubro, encerrou-se sem que os participantes chegassem a um consenso sobre um texto final. De acordo com fontes presentes no encontro, as discussões continuarão de maneira informal, com o objetivo de costurar um documento que reflita uma posição de acordo de todos os membros. Essa reunião do Conselho de Segurança foi antecipada a pedido do Brasil, que atualmente preside o órgão durante o mês de outubro. O encontro foi liderado pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, que deverá realizar uma entrevista coletiva ainda nesta sexta-feira.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, tem realizado esforços diplomáticos nas últimas semanas com o objetivo de estabelecer um corredor humanitário entre a Faixa de Gaza e o Egito. A proposta desse corredor é criar uma via segura para a saída de civis que desejam deixar Gaza e, ao mesmo tempo, permitir a entrada de suprimentos humanitários, como alimentos, medicamentos e água. Essa proposta do corredor humanitário recebeu apoio positivo do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, o que levou à antecipação da reunião do Conselho de Segurança.
Como parte dos desdobramentos do conflito em Gaza, o exército israelense estipulou um prazo de 24 horas para que os civis evacuassem a Cidade de Gaza, localizada ao norte da Faixa. O prazo para a evacuação se encerrou às 18h, horário de Brasília, pois Israel planeja lançar ataques na região.
Nessa área, estão 22 brasileiros que desejam retornar ao Brasil e contam com o apoio do governo brasileiro. Eles foram temporariamente abrigados em uma escola católica e serão levados de ônibus para o sul da Faixa na manhã seguinte, uma vez que o governo brasileiro considerou o trajeto noturno perigoso.
A diplomacia brasileira está em negociações com o Egito na tentativa de possibilitar o deslocamento desses brasileiros por terra de Gaza até a fronteira egípcia e, a partir dali, até o Cairo, a capital do Egito, de onde um avião da Presidência da República do Brasil os levaria de volta ao Brasil. No entanto, até o momento, o Egito não deu autorização para o transporte terrestre do grupo nem para o pouso do avião.
A crise no Oriente Médio se agravou após um ataque do Hamas contra Israel no último sábado. Com a resposta das forças israelenses, a situação humanitária na Faixa de Gaza vem se agravando nos últimos dias. Esta é a segunda reunião do Conselho de Segurança sobre o conflito. Os Estados-membros já se reuniram sobre a questão no último domingo, também em sessão fechada.
Destruição de casas e escolas - A escalada do conflito causa um deslocamento em massa em Gaza. Segundo o Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha, mais de 338 mil pessoas estão deslocadas, um aumento de 30% em apenas um dia. Mais de 218 mil estão abrigadas nas escolas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestinos, Unrwa. Em Gaza, mais de 2,5 mil casas foram destruídas ou danificadas gravemente e 23 mil sofreram danos moderados ou leves.
Até o momento, pelo menos 88 instalações educacionais foram atingidas, incluindo 18 escolas da Unrwa, duas das quais eram usadas como abrigos de emergência para deslocados, além de 70 escolas da Autoridade Palestina. O Ocha alerta que já é o sexto dia consecutivo em que mais de 600 mil crianças não têm acesso à educação em locais seguros em Gaza.
Segundo a ONU, a única usina de energia ficou sem combustível e parou de funcionar, deixando a região sem eletricidade. Desde o início do conflito, sete importantes instalações de água e saneamento que atendem a mais de 1 milhão de pessoas foram atingidas por ataques aéreos e sofreram danos graves.
O Ocha afirma que esgoto e resíduos sólidos estão se acumulando nas ruas, representando um risco à saúde. Metade das padarias tem estoque de farinha de trigo para menos de uma semana, enquanto 70% das lojas relatam estoques de alimentos significativamente reduzidos.
Acesso à ajuda humanitária - As agências humanitárias continuam enfrentando grandes desafios para fornecer assistência humanitária. A insegurança impede o acesso seguro às áreas afetadas e aos depósitos. Apesar das condições desafiadoras, os trabalhadores humanitários prestaram alguma assistência, incluindo a distribuição de pão fresco para 137 mil pessoas deslocadas, a entrega de 70 mil litros de combustível para instalações de água e saneamento, e a ativação de linhas de apoio psicossocial. Nesta quarta-feira, o subsecretário-geral de Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, alocou US$ 9 milhões do Fundo Central de Resposta de Emergência para apoiar com urgência aos esforços de socorro. (*Com informações do G1 e ONU News)
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