Rússia e Venezuela ampliam parceria estratégica em resposta a sanções dos EUA

247 - Os presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Nicolás Maduro, da Venezuela, anunciaram nesta sexta-feira (14), durante uma reunião realizada por videoconferência, a conclusão de um amplo acordo de cooperação estratégica que visa expandir significativamente as relações bilaterais entre os dois países, especialmente no campo da energia. 

Segundo informações divulgadas originalmente pela agência russa Sputnik, o convênio poderá ser oficialmente assinado durante uma visita de Maduro a Moscou, marcada para o próximo dia 9 de maio, data que celebra o Dia da Vitória da União Soviética na Segunda Guerra Mundial.

Durante o encontro virtual, Putin destacou que os laços entre Rússia e Venezuela "atingiram um nível de relações estratégicas", ressaltando a importância do acordo que, segundo ele, "estabelecerá uma base sólida para ampliar ainda mais os vínculos bilaterais". 

O líder russo aproveitou ainda para reforçar o convite pessoal feito a Maduro para visitar Moscou na simbólica data de 9 de maio, demonstrando a relevância diplomática desse encontro.

As declarações feitas por Putin revelam a afinidade entre os dois governos na atual conjuntura internacional: "Rússia e Venezuela têm posições semelhantes sobre muitas questões da agenda internacional. Juntos, buscamos criar uma ordem mundial mais justa, promover os princípios de igualdade soberana dos Estados e cooperação mutuamente benéfica, sem interferências externas nos assuntos internos", destacou Putin. Ele ainda acrescentou que os dois países se posicionam contra quaisquer manifestações de "neonazismo e neocolonialismo".

Maduro, por sua vez, celebrou o avanço das relações bilaterais, destacando especialmente o setor energético: "Esse acordo eleva ao mais alto nível nossas relações em vários campos, particularmente no campo da cooperação energética, que se fortalece cada vez mais".

O anúncio ocorre poucos dias após o governo dos Estados Unidos revogar a licença que permitia à petroleira norte-americana Chevron operar na Venezuela, mesmo em meio às sanções econômicas impostas por Washington ao país sul-americano. Além disso, os EUA informaram que poderão revisar também as licenças concedidas a outras companhias petrolíferas internacionais, como a francesa Maurel & Prom e a espanhola Repsol.

As relações entre Moscou e Caracas já haviam ganhado impulso significativo durante a presidência do falecido Hugo Chávez, entre 1999 e 2013, e foram ampliadas ao longo do mandato de Maduro, especialmente após a Rússia manifestar apoio ao presidente venezuelano diante das acusações de fraude nas eleições presidenciais de julho de 2024. Maduro venceu a disputa que não foi reconhecida por Washington, enquanto a oposição reivindicava a vitória do candidato exilado Edmundo González Urrutia.

Além da cooperação econômica, Caracas também expressou repetidas vezes seu apoio à Rússia em meio ao conflito na Ucrânia, consolidando ainda mais a parceria estratégica entre os dois governos. O recente encontro virtual dos dois líderes ocorre também no contexto das comemorações pelos 80 anos do estabelecimento oficial das relações diplomáticas entre Rússia e Venezuela, iniciado em 1945.