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    Rússia justifica revisão de doutrina nuclear em resposta a tensões crescentes com a Otan

    Porta-voz Dmitry Peskov afirma que apoio de potências nucleares a Kiev e a proximidade da infraestrutura militar da Otan reforçam a necessidade de revisão

    O Novo START entrou em vigor em 2011 e foi prorrogado em 2021 (Foto: REUTERS/Grigory Dukor)

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    247 - A necessidade de atualizar a doutrina nuclear da Rússia foi justificada pelo Kremlin neste domingo (29) devido ao aumento das tensões nas proximidades de suas fronteiras, além do apoio de potências nucleares ocidentais à Ucrânia no conflito em curso. Segundo o porta-voz Dmitry Peskov, a proximidade da infraestrutura militar da Otan também contribuiu para essa decisão. A declaração foi feita durante uma entrevista ao jornalista russo Pavel Zarubin, conforme noticiado pela Sputnik.

    "É evidente que, considerando os recentes acontecimentos internacionais, o aumento das tensões ao redor de nossas fronteiras, as potências nucleares apoiando a Ucrânia no conflito ucraniano e a infraestrutura militar da Otan sendo movida cada vez mais próxima de nossas fronteiras - tudo isso tornou necessário ajustarmos tanto nossa doutrina nuclear quanto nossa política de dissuasão nuclear", afirmou Peskov. A nova versão da doutrina já foi elaborada e está prestes a ser formalizada, acrescentou o porta-voz.

    Na última quarta-feira (25), o presidente Vladimir Putin propôs a discussão sobre a atualização das bases da política estatal de dissuasão nuclear durante uma reunião permanente do Conselho de Segurança da Rússia. Putin reiterou que o país mantém o direito de utilizar armas nucleares em caso de agressão, mesmo que essa ameaça venha de armamentos convencionais que representem perigo crítico ao território russo.

    Essa atualização da doutrina ocorre em um momento em que a Rússia se vê cada vez mais pressionada pela aproximação das forças da Otan em suas fronteiras, além da persistente guerra com a Ucrânia, apoiada por nações ocidentais. O porta-voz Peskov salientou que essa proximidade e as alianças militares de Kiev estão diretamente ligadas à decisão de modificar as políticas de dissuasão e uso de armamento nuclear.

    Ao longo do conflito com a Ucrânia, a Rússia vem reiterando sua posição em relação à defesa nacional e o uso de armas nucleares. Especialistas apontam que a revisão da doutrina é um sinal claro de que o Kremlin está preocupado com o aumento da pressão ocidental, especialmente com a presença cada vez mais marcante da OTAN na Europa Oriental, região considerada estratégica para a segurança russa.

    Putin destacou que a Rússia 'reservará o direito' de utilizar o seu arsenal nuclear como medida de defesa, sempre que considerar que a soberania do país está em risco, seja por uma agressão direta ou por ameaças indiretas representadas por armas convencionais. A proposta de revisão reflete o desejo do Kremlin de enviar uma mensagem forte tanto para a Ucrânia quanto para seus aliados ocidentais, ressaltando a seriedade com que a Rússia encara sua política de defesa nuclear.

    A formalização da nova doutrina deverá ocorrer em breve, consolidando as mudanças discutidas no Conselho de Segurança e reafirmando a posição russa em relação ao uso de armas nucleares em um cenário de tensões geopolíticas crescentes.

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