"São os cidadãos que decidem, não os donos das redes sociais", diz Scholz após Musk declarar apoio à extrema-direita alemã
Bilionário de extrema-direita vem atacando autoridades alemãs e declarando apoio ao partido AfD
RFI - O chanceler alemão Olaf Scholz, o vice-chanceler Robert Habeck, e outras lideranças políticas do país denunciaram nesta terça-feira (31) o apoio do bilionário norte-americano Elon Musk ao partido de extrema-direita AfD. As eleições legislativas antecipadas acontecem em fevereiro na Alemanha.
"São os cidadãos que decidem, não os donos das redes sociais", disse Scholz em seu discurso de Ano Novo, que será transmitido na noite desta terça-feira. "Não é quem fala mais alto que determina o que acontecerá daqui para frente na Alemanha, mas a grande maioria das pessoas decentes e razoáveis", acrescentou o chanceler.
O vice-chanceler ecologista Robert Habeck, ministro da Economia e Mudanças Climáticas, também criticou a "lógica" e o "sistema" construídos pelo bilionário Elon Musk. Ele chefiará o "Departamento de Eficácia do Governo" de Trump e sua crescente influência preocupa os europeus.
"Musk está dando poder àqueles que enfraquecem a Europa. O enfraquecimento da Europa interessa pessoas para quem a regulamentação limita seu poder", disse Habeck, candidato ao cargo de chanceler.
No sábado, o jornal alemão Welt publicou uma coluna de Musk que surpreendeu a classe política no país. No texto, ele escreveu que o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, é "a última ponta de esperança" para a Alemanha.
Na noite de segunda-feira, o bilionário mostrou novamente seu apoio à AfD em sua rede X, ao declarar sob seu pseudônimo Kekius Maximus que a legenda "obteria uma vitória épica" nas eleições.
O AfD tem 20,5% das intenções de voto, segundo uma pesquisa publicada na terça-feira pelo Bild. O partido está em segundo lugar, atrás da oposição conservadora, que lidera com 31%.
Elon Musk também chamou o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier de "tirano antidemocrático" na noite de segunda-feira no X. Ele reagiu à falsa informação de um influenciador pró-AfD de que o presidente Steinmeier iria anular os resultados das eleições em caso de vitória da extrema-direita.
Na sexta-feira, o chanceler Olaf Scholz já havia alertado para a "influência externa" que, segundo ele, constitui "um perigo para a democracia".
Tentativas de interferência - A campanha para as eleições legislativas alemãs começa no início de 2025 e vem sendo alvo de tentativas de interferência estrangeira da Rússia e dos Estados Unidos. O serviço de inteligência alemão anunciou em novembro a criação de uma "força-tarefa" para combater esse tipo de ação.
"Elon Musk está fazendo exatamente a mesma coisa que Vladimir Putin" disse o presidente do Partido Social-Democrata, Lars Klingbeil, aos jornais do grupo de imprensa Funke.
"Ambos querem influenciar nossas eleições e apoiar o inimigo da democracia que é a AfD. Eles querem que a Alemanha enfraqueça", disse. "Não me lembro, na história das democracias ocidentais, de um caso de interferência na campanha eleitoral de um país aliado, que possa ser comparado a esse", denunciou o líder conservador do partido CDU, Friedrich Merz, favorito às legislativas.
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