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    União Europeia corteja América Latina e Caribe em cúpula para afastar Rússia e China

    "O mundo em que vivemos está mais competitivo e conflituoso do que nunca", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen

    (Foto: REUTERS/Johanna Geron)

    Reuters - A União Europeia prometeu mais investimentos para a América Latina e o Caribe em uma cúpula nesta segunda-feira, como parte de uma reformulação de suas relações internacionais motivada pela guerra na Ucrânia e pela crescente cautela com a China.

    Enquanto mais de 50 líderes das três regiões se reuniam em Bruxelas para a cúpula de dois dias entre a UE e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse em um fórum empresarial que América Latina, Caribe e Europa precisam de uns aos outros mais do que nunca.

    "O mundo em que vivemos está mais competitivo e conflituoso do que nunca. Ainda se recuperando do pesado fardo da pandemia da Covid-19, o mundo está sofrendo um forte impacto da agressão russa contra a Ucrânia", disse ela.

    "E isso acontece no contexto da crescente assertividade da China no exterior", acrescentou.

    Leyen disse que a UE está planejando 45 bilhões de euros em investimentos na América Latina e no Caribe como parte do programa Global Gateway, visto como um rival do plano Cinturão e Rota da China de investimentos em infraestrutura.

    Mas as discussões sobre o comunicado da cúpula destacaram as diferenças sobre como abordar a guerra na Ucrânia.

    A UE disse que deseja uma declaração conjunta condenando a Rússia, mas sabe que isso será difícil de obter. Enquanto a maioria dos países da Celac apoiou uma resolução da ONU em fevereiro exigindo a retirada imediata das tropas russas, a Nicarágua votou contra e Bolívia, Cuba e El Salvador se abstiveram.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm se apresentado como um líder neutro e um potencial mediador da paz.

    Lula não repetiu suas críticas anteriores ao Ocidente por fornecer armas à Ucrânia, mas disse que a guerra está desviando recursos de prioridades importantes em outros lugares.

    "A guerra no coração da Europa lança sobre o mundo o manto da incerteza e canaliza para fins bélicos recursos até então essenciais para a economia e programas sociais", afirmou. "A corrida armamentista dificulta ainda mais o enfrentamento da mudança do clima."

    Substituindo a Rússia - A UE está procurando estabelecer novas parcerias energéticas após romper os laços com a Rússia, que era o maior fornecedor de gás do bloco antes da invasão da Ucrânia em fevereiro do ano passado.

    O bloco também quer reduzir sua dependência da China e construir novas alianças para garantir minerais essenciais para veículos elétricos e a transição mais ampla para uma economia de baixo carbono, uma cadeia de suprimentos que a China domina.

    A UE reconheceu que às vezes negligenciou seus parceiros latino-americanos à medida que o papel da China na região aumentou. Mas agora está ansiosa para se envolver novamente.

    Todos os 60 líderes dos países membros dos dois blocos foram convidados para a cúpula, mas os presidentes de El Salvador, México, Peru e Venezuela estão entre os que não devem comparecer.

    A UE está desenvolvendo um acordo comercial com o Chile, o maior produtor mundial de cobre e o segundo maior produtor de lítio, e as autoridades disseram que pode entrar em vigor no próximo ano.

    O bloco também está tentando destravar acordos comerciais firmados com o México em 2018 e com o bloco do Mercosul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, em 2019, embora as autoridades tenham minimizado as expectativas de qualquer avanço durante a cúpula.

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