Correia dentada banhada a óleo: o que é, como funciona e por que dá problema
Correia dentada banhada a óleo parece chique, mas é tipo relacionamento: se você não cuidar, quebra fácil.
Siga o manual, troque o óleo certo e não invente moda na oficina. Porque no fim, quem paga o pato é sempre o motor... e seu bolso também!

Poucos motoristas sabem, mas a correia dentada do motor pode ser banhada a óleo em alguns modelos. Esse sistema é usado para sincronizar o funcionamento do motor e, quando submerso em óleo lubrificante, promete maior durabilidade. No entanto, sem a manutenção correta, o componente pode falhar e causar prejuízos.
A correia dentada sempre foi uma alternativa mais leve e silenciosa em relação à corrente de comando. Porém, sua vida útil era limitada. Para melhorar esse cenário, montadoras adotaram o sistema de correia banhada a óleo, que oferece menor atrito e maior durabilidade, mas exige cuidados específicos com manutenção e lubrificação.
Esse tipo de correia passou a ser utilizado em larga escala a partir de 2014, com destaque para marcas como Chevrolet, Ford, Citroën e Peugeot. O objetivo era cumprir exigências de consumo e emissões sem comprometer o desempenho dos motores. A solução passou a ser usada em motores pequenos, de três cilindros, especialmente os 1.0 e 1.2 turbo ou aspirados.
Entre os principais modelos que utilizam a correia banhada a óleo no Brasil estão o Chevrolet Onix 2025, Tracker e Montana, todos equipados com os motores da linha CSS Prime. A Ford aplica o sistema nos motores 1.0 três cilindros, 1.5 Dragon e nos 2.0 turbodiesel da Ranger e Transit. Peugeot 208 e Citroën C3 com motor 1.2 PureTech também fazem parte da lista.
Uma pesquisa do Carro.Blog.Br revelou que devido as falhas recorrentes, geralmente por falta de manutenção correta por parte dos consumidores, esse sistema tem ganhado uma fama ruim, a Chevrolet encontrou uma forma de resolver o problema da correia banhada a óleo em seus carros, resolveu dar uma garantia generosa, mas para isso o consumidor deve fazer a manutenção correta e estar em dia com as revisões na concessionária da marca.
Cada fabricante estabelece um intervalo de troca para a correia. No caso da GM, a recomendação é de até 240 mil km ou 10 anos. A Ford adota o mesmo prazo nos motores 1.0, mas reduz para 160 mil km nos modelos 1.5 Dragon e 2.0 diesel. Já os motores PureTech da PSA têm vida útil estimada em cerca de 80 mil km para a correia.
Apesar da promessa de alta durabilidade, surgiram relatos de falhas em veículos ainda dentro da quilometragem prevista. No caso da Chevrolet, os problemas geraram críticas e obrigaram a marca a oferecer uma garantia estendida, válida por tempo indeterminado, desde que o proprietário siga à risca o plano de manutenção.
O funcionamento correto da correia dentada banhada a óleo depende do uso de lubrificantes homologados, como os com certificação Dexos, no caso da GM. Lubrificantes genéricos ou de origem duvidosa podem comprometer a durabilidade da correia, causar desgaste, gerar detritos e entupir passagens internas do motor.

Além disso, a substituição preventiva da correia banhada a óleo é um processo trabalhoso. Requer ferramentas específicas e desmontagem parcial do motor, o que encarece a mão de obra. O alinhamento do sistema e a instalação devem seguir parâmetros técnicos exatos para evitar novos danos.
A GM reforça que realiza campanhas nas concessionárias para orientar clientes sobre manutenção e lubrificantes. No entanto, não há contato ativo com os proprietários por conta da legislação de proteção de dados. Assim, cabe ao dono do veículo manter o controle das revisões e usar produtos recomendados.
Outro ponto de atenção é o impacto desse sistema no mercado de seminovos. Modelos com histórico de manutenção desconhecido ou realizados fora da rede autorizada têm maior desvalorização. Veículos de locadoras também enfrentam mais resistência por conta da dúvida sobre o cuidado com o motor.
Para quem pretende comprar um carro com correia banhada a óleo, a recomendação é verificar o histórico de revisões e exigir notas fiscais. A escolha do óleo correto e o respeito aos prazos definidos no manual são essenciais para preservar o sistema e evitar custos elevados de manutenção.
A adoção da correia banhada a óleo não é exclusiva da GM. A Ford foi uma das primeiras marcas a usar esse sistema no Brasil, com o lançamento do Ka 1.0 três cilindros em 2014. Desde então, modelos como Fiesta EcoBoost, EcoSport 1.5 Dragon, Ranger e Transit diesel também passaram a incorporar a solução.
As marcas francesas Peugeot e Citroën também adotaram a tecnologia no motor 1.2 PureTech, presente em versões do 208 e C3. Com a fusão da PSA com a Fiat Chrysler, formando a Stellantis, essa motorização foi descontinuada em alguns modelos nacionais, mas ainda está presente em unidades circulando no mercado de usados.

O comportamento do consumidor é apontado como o principal fator de risco para falhas nesse tipo de sistema. Mesmo com revisões previstas a cada 10 mil km, muitos proprietários estendem os prazos ou utilizam oficinas que não seguem os padrões técnicos das montadoras. Isso torna o sistema vulnerável a falhas, mesmo quando tecnicamente viável.
Nos casos mais graves, o desgaste da correia pode liberar partículas que se espalham pelo motor e comprometem componentes como polias e canais de lubrificação. Além de afetar o desempenho, esse problema pode causar panes e exigir retífica parcial do motor. Por isso, ruídos anormais, perda de potência ou falhas intermitentes devem ser investigados imediatamente.
“Para evitar problemas com a correia dentada banhada a óleo, siga o manual do carro, use sempre o óleo correto com a aditivação indicada e faça revisões no prazo certo. Ignorar esses cuidados pode custar caro no futuro, então melhor prevenir do que empurrar o carro”, recomenda Alan Corrêa, especialista em carros do Carro.Blog.Br.
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