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    Bolsonaro faz chantagem contra Congresso para retirar apoio às manifestações de domingo

    Jair Bolsonaro quer que o Congresso desista da proposta de manter o controle sobre R$ 15 bilhões do Orçamento, resultado de um acordo que o próprio governo fez. Ele faz uma chantagem: se os parlamentares desistirem, retira apoio às manifestações da extrema-direita marcadas para domingo

    Jair Bolsonaro; Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia no detalhe (Foto: Alan Santos/PR | Agência Senado)

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    247 - Jair Bolsonaro colocou a faca no pescoço do parlamentares e exige que eles abram mão do acordo negociado por seu ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. O ocupante do Planalto quer que o Legislativo desista do acordo pelo qual devem manter o controle sobre R$ 15 bilhões do Orçamento. Bolsonaro resolveu fazer chantagem ao Congresso, ao dizer que, se os parlamentares desistirem, as manifestações previstas para o dia 15 perderão fôlego. Ele próprio convocou os protestos contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.

    Leia abaixo a reportagem da Reuters:

    MIAMI - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, a uma plateia de apoiadores em Miami, que se até o dia 15 de março o Congresso desistisse da proposta de manter o controle sobre 15 bilhões de reais do Orçamento, as manifestações marcadas para aquele dia poderiam nem acontecer, ou ao menos não terem a mesma força.

    “Acredito ainda que, se até o dia 15, os presidentes da Câmara e do Senado anunciam algo no tocante a dizer que não aceitam isso e se a proposta chamada PLN4 tiver dúvida no tocante a ficar com eles, para que venham destinar os recursos para onde eles acharem melhor, e não o Executivo, acredito que eles possam botar até um ponto final na manifestação”, disse Bolsonaro.

    “Não um ponto final, porque ela vai haver de qualquer jeito, no meu entender, mas para mostrar que estamos sim afinados no interesse do povo brasileiro”, acrescentou.

    O Projeto de Lei do Congresso Nacional 4, a que o presidente se refere, é parte do acordo que foi feito com os parlamentares para evitar a derrubada dos seus vetos à Lei de Diretrizes Orçamentárias, negociado pela equipe econômica e com aval do próprio presidente.

    O texto dá aos parlamentares o controle de 15 bilhões de reais no Orçamento, de um total de 30 bilhões que originalmente foram passados do Orçamento dos ministérios para as emendas do relator.

    Se os vetos de Bolsonaro fossem derrubados, o Congresso ficaria com o controle dos 30 bilhões de reais, com o relator definindo as áreas e a ordem de pagamento das emendas parlamentares. Além disso, governo seria obrigado a pagá-las em até 90 dias, sob pena de cometer crime de responsabilidade.

    O acordo, negociado entre Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e a equipe econômica, foi fechado na semana passada, depois de dois dias de negociações, apesar da reticência do ministro da Economia, Paulo Guedes. Teve o aval final do presidente e, na quarta-feira, o Congresso manteve os vetos, cumprindo sua parte no acordo.

    O presidente, que em uma escala em Boa Vista, no caminho para Miami, chamou mais uma vez a população para as manifestações do dia 15 de março, afirmou que trocou mensagens sobre o tema com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e que o os atos não seriam contra o Congresso ou o Judiciário, mas “a favor do Brasil” e contra o uso do Congresso dos recursos do Orçamento.

    “Afinal de contas, devemos obedecer e seguir o norte apontado pela população. E o que a população quer, que está em discussão lá em Brasília, não quer que o Parlamento seja o dono do destino de 15 bilhões de reais do Orçamento. É isso que está em jogo no momento”, afirmou.

    Bolsonaro garante que seu relacionamento com o Congresso “já esteve pior”, mas desconsiderou o mau humor causado entre os parlamentares pelo fato de ter sido pego, durante o Carnaval, distribuindo vídeos sobre as manifestações por mensagens de celular.

    Apesar de negar o caráter contrário ao Congresso das manifestações, o tom do movimento mudou depois que o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, foi pego em uma gravação dizendo que o Parlamento fazia chantagem com o governo “o tempo todo”. Mensagens de apoio ao general e com ofensas aos congressistas passaram a ser o mote das convocações.

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