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    Demissão de Múcio, por ora, está descartada por Lula

    Ministro da Defesa defendeu a compra de equipamentos israelenses, a despeito do genocídio em Gaza e da agressão ao Líbano

    Lula e José Múcio (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

    247 – Após declarações do ministro da Defesa, José Múcio, durante um evento com empresários nesta semana, o governo se viu novamente em meio a uma polêmica interna. Múcio criticou as "questões ideológicas" que, segundo ele, estariam impedindo o progresso da negociação para a compra de veículos blindados de Israel pelo Exército brasileiro. A informação foi inicialmente divulgada pelo jornal Estado de S. Paulo, e, desde então, setores do Partido dos Trabalhadores (PT) intensificaram as pressões por sua saída. No entanto, segundo fontes próximas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a demissão do ministro está fora do radar, pelo menos por enquanto.

    Fontes do Planalto indicam que Lula e Múcio já discutiram o episódio. A insatisfação do ministro sobre o tema não foi uma surpresa para o presidente, já que Múcio o havia procurado previamente para propor uma solução intermediária, com o objetivo de destravar a compra dos obuseiros 155 mm. Além disso, o ministro discutiu as objeções levantadas pelo Ministério da Defesa ao Tribunal de Contas da União (TCU).

    Em abril, a empresa israelense Elbit Systems venceu uma licitação para fornecer 36 veículos blindados ao Brasil. No entanto, o negócio esbarrou em obstáculos internos. Um deles foi a resistência de Celso Amorim, assessor-chefe de Assuntos Internacionais da Presidência, que argumentou que a aquisição de equipamentos militares de Israel seria incoerente com a postura crítica de Lula às ações israelenses na Faixa de Gaza e contra o Líbano.

    Em resposta às críticas de Múcio, o TCU esclareceu que não há impedimentos legais no Brasil para que as Forças Armadas adquiram material de empresas de países em guerra, e que não existem tratados internacionais que impeçam tais transações. Múcio também afirmou que a Corte de Contas não autorizou que o contrato fosse transferido para a segunda colocada no processo licitatório, a empresa tcheca Excalibur.

    Nos últimos dias, surgiram especulações na Esplanada dos Ministérios de que a fala pública de Múcio teria como objetivo “provocar” sua própria demissão, já que ele estaria cansado dos embates que têm permeado sua gestão. Contudo, fontes próximas ao ministro afirmam que essa não é sua forma de agir. Se Múcio decidir deixar o governo, Lula será o primeiro a ser comunicado, segundo seus aliados, como informa a jornalista Roseann Kennedy.

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