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    Indicação de Rubio para o Departamento de Estado preocupa o Itamaraty e o governo Lula

    Escolha do senador é vista como ameaça às relações bilaterais e à agenda multilateral brasileira

    O senador estadunidense Marco Rubio (Foto: Reuters)

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    247 – A indicação do senador Marco Rubio, da Flórida, para ocupar o cargo de secretário de Estado no governo de Donald Trump, recém-eleito para um segundo mandato nos Estados Unidos, gerou apreensão no Itamaraty e em integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo reportagem do jornal O Globo, a nomeação é vista com preocupação devido à postura considerada "linha dura" do senador em temas sensíveis para o Brasil.

    Rubio, conhecido por suas posições firmes em relação à política externa, é visto como um potencial fator de tensão tanto em questões bilaterais quanto em instâncias multilaterais. Um influente integrante do governo brasileiro chegou a afirmar que "haja perspicácia" para manter uma convivência diplomática produtiva entre o chanceler Mauro Vieira e o futuro chefe da diplomacia dos Estados Unidos. Com a mudança, os frequentes contatos de Vieira com Washington, antes facilitados pelo atual secretário Antony Blinken, podem se tornar mais escassos.

    O histórico do senador Rubio alimenta as preocupações. A relação próxima entre o Brasil e a China, fortalecida no governo Lula, já havia sido alvo de críticas por parte do congressista republicano. Em um artigo publicado no ano passado, Rubio afirmou que o presidente Lula buscava financiamento em Pequim por não encontrar apoio suficiente do governo de Joe Biden. Essa perspectiva, potencialmente ampliada com a sua ascensão ao Departamento de Estado, sugere um endurecimento na postura americana em relação às alianças do Brasil na Ásia.

    Outro ponto de atrito foi a declaração de Rubio em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, após sua eleição em 2018. O senador expressou entusiasmo em redes sociais, destacando a oportunidade de uma aliança estratégica entre os dois países, com possíveis impactos que ainda ressoam nas esferas diplomáticas brasileiras. Recentemente, Rubio também criticou Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, pela decisão de suspender temporariamente o funcionamento da rede social X, controlada por Elon Musk, que integrará o próximo governo Trump. “O banimento do X no Brasil, sob a administração Lula, levanta sérias preocupações sobre a liberdade de expressão e o alcance do Judiciário”, afirmou Rubio, reforçando a postura conflituosa com temas internos do Brasil.

    Nos círculos diplomáticos do governo brasileiro, Rubio é categorizado como um político de política externa assertiva e com viés ideológico claro. Há receio de que ele adote uma linha mais agressiva no combate à imigração e mantenha uma posição intransigente frente a países como China, Irã, Cuba e Venezuela — na contramão dos princípios defendidos pelo Brasil, que se opõe à imposição de sanções econômicas.

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