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Randolfe diz que financiamento público de campanhas foi "erro" e propõe modelo semipúblico

Líder do governo diz que o sistema "escancarou as portas para o caixa dois" e defende modelo misto, ou semipúblico, que permita doações de empresas

Randolfe Rodrigues (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

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247 - O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, revisou sua posição sobre o financiamento público de campanhas eleitorais. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o parlamentar classificou a decisão de utilizar verbas públicas para financiar candidaturas como "um erro" e argumentou que a medida acabou intensificando o uso de caixa dois com dinheiro privado. "O modelo de financiamento que instituímos com o intuito de moralizar o processo eleitoral acabou desmoralizando ainda mais o sistema. Escancarou as portas para o caixa dois", afirmou.

Randolfe foi um dos defensores do sistema de financiamento público aprovado em 2017 pelo Congresso, após o Supremo Tribunal Federal (STF) proibir doações empresariais. Contudo, agora ele defende a criação de um modelo misto, ou semipúblico, que permita doações de empresas, mas com limitações para evitar o desequilíbrio econômico nas disputas eleitorais.

"Temos que rediscutir essa questão e instituir um modelo semipúblico, com travas para o financiamento privado", afirmou o senador. O modelo proposto por ele reduziria drasticamente o fundo eleitoral, que neste ano foi de R$ 4,96 bilhões, para aproximadamente R$ 1 bilhão. "O peso sobre o Orçamento é enorme hoje. Se reduzirmos o fundo eleitoral para R$ 1 bilhão, veja quantas coisas poderíamos fazer."

O senador avalia que o modelo atual encarece as campanhas e aumenta a opacidade das contribuições privadas, que acabam correndo paralelamente ao fundo público, sem o devido controle das autoridades. Ele sugeriu que o novo sistema daria mais transparência às doações empresariais, trazendo-as de volta ao cenário eleitoral com regulamentações mais rígidas.

Na entrevista, Randolfe reconheceu que sua proposta deverá enfrentar resistências, tanto dentro do governo quanto no próprio PT, partido ao qual ele se filiou recentemente. "Sei que meu partido tem aversão a esse assunto, mas é necessário debater. Alguns parlamentares são favoráveis a uma mudança no modelo, então podemos discutir esse assunto depois das eleições."

As doações empresariais foram proibidas em 2015, na esteira da Operação Lava Jato, após investigações revelarem que grandes contribuições a partidos e candidatos estavam frequentemente vinculadas a interesses em contratos públicos. O fundo eleitoral foi instituído no ano seguinte como uma tentativa de reduzir a influência do dinheiro privado nas eleições, mas, segundo Randolfe, o objetivo não foi atingido.

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