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    “Viu o que você fez?”, diz Dilma a Bolsonaro, sobre a expulsão de médicos cubanos celebrados na Itália

    Ex-presidente critica a “ignorância irresponsável” de Jair Bolsonaro, quem “já tratou os médicos cubanos com a mesma visão míope e o mesmo preconceito ideológico que dedicou, semana passada, aos chineses”

    Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro (Foto: 247 | Reuters)

    Dilma.com.br - O desembarque de uma brigada de médicos cubanos neste domingo na região da Lombardia, na Itália, é uma forte ação de cooperação e solidariedade entre nações. A Itália, embora sendo um dos países mais ricos do mundo é, neste momento, o que mais tem perdido vidas para o COVID-19. Os italianos celebraram o apoio humanitário cubano com aplausos.

    A brigada de médicos que chegou à Itália dá continuidade à ajuda sanitária que, de forma sistemática, tem sido realizada por Cuba na Nicarágua, Jamaica, Suriname, Venezuela e Granada. Tais brigadas reafirmam que o caminho para uma vitória sobre a pandemia passa necessariamente pela cooperação e solidariedade entre as Nações.

    O povo e o governo de Cuba são um exemplo aos governantes que se rendem a atitudes mesquinhas e mentiras, desdenham da gravidade da crise com um comportamento irresponsavelmente agressivo e diversionista, e não descem do palanque sequer quando o mundo vive a sua maior tragédia em décadas.

    Bolsonaro, na sua ignorância irresponsável, já tratou os médicos cubanos com a mesma visão míope e o mesmo preconceito ideológico que dedicou, semana passada, aos chineses, e que o levou a chamar o coronavirus de “gripezinha”.

    Em 55 anos, Cuba cumpriu 600 mil missões internacionalistas, em 164 países, envolvendo 400 mil profissionais de saúde. Entre outras ações, lutou contra o ébola na África Ocidental, tratou a cegueira na América Latina e no Caribe, enfrentou a cólera no Haiti e enviou 26 brigadas de resgate e salvação para países como Paquistão, Indonésia, México, Equador, Peru, Chile e Venezuela, diante de grandes desastres e epidemias. A maioria destas missões foi patrocinada pelo governo cubano, que também ofereceu cursos para 35.613 médicos oriundos de 138 países.

    Estas ações internacionais correspondem à vocação humanista e solidária do povo cubano, razão pela qual seus médicos são reconhecidos internacionalmente, ao prestar serviço em cerca de 70 países.

    No Brasil, os médicos cubanos foram centrais para que o programa Mais Médicos se efetivasse, fortalecendo o SUS e suprindo a falta de profissionais brasileiros no atendimento à população pobre e mais vulnerável. Com mais de 18.000 médicos, o programa Mais Médicos atendeu 63 milhões de brasileiros. Uma parte significativa deste trabalho foi feita pelos mais de 11.000 médicos cubanos que foram o núcleo duro do programa.

    O Mais Médicos fez dezenas de milhões de atendimentos, em mais de 4.058 municípios, sobretudo nas regiões metropolitanas, em favelas, nas áreas de periferia, cidades do interior, áreas quilombolas e reservas indígenas. Os cubanos nos ajudaram a tornar possível, pela primeira vez na história, ter um médico em 700 municípios, que jamais haviam tido um único profissional desta área.

    No Brasil, a presença dos médicos cubanos seria agora ainda mais estratégica, diante da necessidade de combater o coronavirus e fortalecer a atenção básica de saúde. No entanto, essa parceria em saúde pública, tão fundamental para o País, não sobreviveu à ascensão do governo de extrema-direita de Bolsonaro, que esteve sempre mais preocupado em espalhar mentiras contra “inimigos ideológicos” inexistentes em vez de se dedicar ao cuidado com a saúde da população.

    Desrespeitados por Bolsonaro e hostilizados de forma tão infame por seus seguidores fanatizados, os médicos cubanos foram, entretanto, amados pelos pacientes.

    Bolsonaro os insultou tanto que o governo de Cuba sentiu-se no dever de chamá-los de volta e encerrar a participação no programa. A chancelaria de Cuba reagiu: “Não é aceitável questionar a dignidade, o profissionalismo e o altruísmo dos nossos médicos”.

    E assim, por meio da ofensa e da calúnia, Bolsonaro expulsou do Brasil milhares de profissionais de saúde que seriam de extrema importância neste momento em que o coronavírus começa a se espalhar pelo nosso território. Submete dezenas de milhões de brasileiros ao desamparo e à absoluta impossibilidade de consultar um médico num momento de grave crise e de muito medo e desorientação. Os mesmos médicos que, neste domingo, são recebidos calorosamente pelo governo e pelo povo da Itália. Os mesmos médicos que países do mundo inteiro reconhecem como qualificados e competentes. O mínimo que se poderia dizer, agora, ao presidente despreparado e tosco que finge que governa o Brasil é: “Viu o que você fez?”

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