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    Abin já identificou metade dos 1,8 mil alvos de espionagem ilegal sob o governo Bolsonaro

    Esquema de espionagem ilegal atingiu desafetos do ex-presidente

    (Foto: ABr | Reuters | Polícia Federal)

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    247 – A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) revelou que conseguiu identificar aproximadamente 50% dos 1,8 mil números de telefone cuja geolocalização estava sob monitoramento por meio do programa First Mile. Esse trabalho foi realizado a pedido da Polícia Federal (PF) pelo Departamento de Operações da Abin. No entanto, essa colaboração tem sido marcada por tensões, especialmente no que diz respeito à quebra de sigilo telefônico, segundo informações do jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles.

    A desavença entre a PF e a Abin veio à tona quando a agência sugeriu que seria necessário violar o sigilo das linhas telefônicas para descobrir os proprietários dos números monitorados. Agentes da PF suspeitaram que a Abin já tinha conhecimento da identidade das pessoas monitoradas e estava relutante em compartilhar essa informação. Por outro lado, a Abin negou a existência de uma lista completa de titulares das linhas, argumentando que os monitoramentos eram realizados caso a caso, com inserção de números de telefone no sistema para obtenção de dados de geolocalização.

    A lista de nomes que a Abin conseguiu identificar, a pedido da PF, inclui políticos, jornalistas, advogados e até professores universitários que eram considerados opositores do governo de Jair Bolsonaro. Esse programa foi intensamente utilizado em áreas privilegiadas do Rio de Janeiro e Brasília, bem como durante as eleições de 2020. De acordo com membros da agência, todas as informações disponíveis foram fornecidas à PF. No entanto, os policiais alegam que a Abin se recusou a cooperar, não respondendo a todas as solicitações e, em alguns casos, respondendo somente após ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

    Outro ponto de discórdia gira em torno da data em que os computadores usados no programa First Mile foram apagados. Investigadores da PF suspeitam que a formatação tenha ocorrido após o início da investigação em 2023. Em contrapartida, membros da Abin afirmam que a formatação foi parte da rotina em 2021 e que ela não apagou os rastros dos alvos de monitoramento, uma vez que essas informações estão armazenadas no servidor do First Mile, pertencente à empresa Cognyte, e não nos computadores da Abin.

    A PF suspeita que tenham ocorrido cerca de 30 mil monitoramentos, dos quais a Abin teria informado apenas 1,8 mil, e que a formatação dos computadores teria sido realizada para ocultar informações sobre o restante dos números de telefone monitorados. Porém, agentes da Abin argumentam que a PF encontrou um histórico com cerca de 33 mil "logs," mas que apenas 1,8 mil números foram efetivamente pesquisados, e nada foi apagado. De acordo com os agentes da Abin, cada log corresponde a um comando dado ao software, não necessariamente a uma pesquisa de um número de telefone diferente.

    O inquérito em andamento no STF, sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, permanece em sigilo, e inclui informações sensíveis, como os nomes dos 35 servidores que utilizavam o software de geolocalização. A investigação continua, e o desfecho desse caso ainda está por ser revelado.

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