Acampamento bolsonarista no QG do Exército foi "central" de todos os atos criminosos que ocorreram no DF, diz interventor
Ricardo Cappelli afirmou que o acampamento foi protegido pelo Exército: “nossas polícias tentaram fazer incursões. Operações foram canceladas por ponderações feitas pelo Exército”
247 - Em coletiva de imprensa para a apresentação do relatório com as conclusões sobre os atos terroristas do dia 8 em Brasília, o interventor do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, afirmou que houve uma "falha operacional" da Secretaria de Segurança Pública de Anderson Torres em preparar a polícia para prevenir os ataques golpistas e destacou o acampamento bolsonarista como "ponto de apoio e de organização" para todos os atos antidemocráticos que ocorreram na capital federal desde a vitória do presidente Lula (PT) nas eleições de 2022.
O relatório será entregue eletronicamente ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, nesta sexta-feira (27).
Acampamento golpista como "central" do terrorismo bolsonarista
"Centralidade do acampamento em frente ao QG do Exército nos dias seguintes ao resultado da eleição, a centralidade dele em tudo aquilo que aconteceu, que culminou no dia 8. Todos os atos de vandalismo que passaram tiveram sua organização, seu ponto de apoio naquele acampamento. Foi um ambiente em que circularam criminosos, isso é comprovado pelas ocorrências policiais. Os eventos do dia 12, da diplomação, a tentativa de explosão de bomba, a tentativa de bloqueio do aeroporto. Todos os eventos passam pelo acampamento, acampamento criminoso, que perturbou a ordem pública no Distrito Federal durante esses poucos mais de dois meses. Não era um acampamento comum, porque acampamento não tem cozinha montada, infraestrutura, como banheiros químicos, geradores. Tinha toda uma estrutura montada, em uma verdadeira mini cidade terrorista, golpista, montada em frente ao QG do Exército".
Proteção do exército aos golpistas
"É importante registrar que as nossas polícias tentaram fazer incursões no acampamento para coibir o comércio ilegal, para desmontar. Houve uma mobilização de homens para essas operações, são operações registradas que foram canceladas na véspera por ponderações feitas pelo Exército Brasileiro e pelo Comando Militar do Planalto. Houve tentativa das polícias do Distrito Federal de agir, mas elas não tiveram êxito nessa tentativa de coibir ou desmontar esse acampamento".
"Despiste" do acampamento
"O que aconteceu no dia 8 é fruto de uma escalada de eventos que começam logo após o resultado das eleições e a vitória do presidente Lula. Esses eventos vão e voltam, vão e voltam, têm momentos de pico, chegamos a ter o acampamento com 300 veículos, caminhões.
Logo após a posse reduz o acampamento - as investigações vão dizer se isso foi uma tática para despistar. No dia seguinte à posse o acampamento sofre um processo de desmobilização, quando chega nos dias 6 e 7 ele explode novamente e chega a ter concentrações em torno de 4 mil pessoas no dia 7. Em todos esses eventos, todos os distúrbios no Distrito Federal, esses elementos saíam do acampamento, praticavam atos e depois regressavam para dentro do Setor Militar Urbano. Isso é importante registrar, a centralidade daquele acampamento em todos os atos criminosos praticados no DF ao longo dos meses de novembro e dezembro e que culminaram no dia 8".
"Falha operacional" da Secretaria de Segurança Pública de Anderson Torres
"Houve informação sobre o que aconteceria no dia 8. Há um relatório da Secretaria de Segurança Pública do dia 6. Esse relatório foi entregue no gabinete do Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, senhor Anderson Torres, ainda no dia 6. [O relatório] dizia que a manifestação que era convocada como tomada do poder previa, existia ameaça concreta, de invasão aos prédios públicos, e ali está descrito tudo aquilo que poderia acontecer. Está documentado isso. Não faltou informação. Na sexta-feira o gabinete do secretário recebeu a informação.
Houve um plano de ações integradas, que é praxe da secretaria no que diz respeito a eventos onde você organiza e estabelece diretrizes para o dia. O plano de ações integradas houve e foi aprovado pelo então secretário. Esse plano na verdade são diretrizes, e essas diretrizes devem gerar nas unidades um desdobramento operacional, que são os planos operacionais para eventos maiores, ou ordens de serviço. Estou citando no caso da Polícia Militar. No evento do dia 8 isso não aconteceu. Não há plano operacional e nem há ordem de serviço, de forma que não há um registro de quantos homens… O que houve foi um repasse burocrático do ofício recebido para algumas unidades pelo departamento de operações. Há uma falha operacional, porque o relatório de inteligência - que existe - não gera o desdobramento operacional adequado, que seria um plano operacional ou uma ordem de serviço. Quando a gente olha para o dia 1, a gente vê uma diferença grande do que foi feito para o comportamento adotado no dia 8.
Fica claro o impacto da posse do senhor Anderson Torres no dia 2 [na Secretaria de Segurança do DF], da instabilidade que ele gerou na secretaria com as exonerações, com as trocas. Logo depois ele viaja, o gabinete recebe um relatório de inteligência e esse relatório não tem nenhum desdobramento".
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